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FHC só teria inveja de Lula se sonhasse desde menino com a falência do Brasil

O ex-presidente Lula confirmou nesta quarta-feira que jamais se livrará da assombração que lhe confisca o sono desde o século passado. “Fernando Henrique Cardoso tem inveja do meu sucesso”, repetiu o palanque ambulante castigado por rachaduras que anunciam o desabamento inevitável. O embusteiro em seu ocaso não consegue esquecer o homem que o surrou nas […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 00h07 - Publicado em 11 nov 2015, 18h58

Lula - FHC 3

O ex-presidente Lula confirmou nesta quarta-feira que jamais se livrará da assombração que lhe confisca o sono desde o século passado. “Fernando Henrique Cardoso tem inveja do meu sucesso”, repetiu o palanque ambulante castigado por rachaduras que anunciam o desabamento inevitável. O embusteiro em seu ocaso não consegue esquecer o homem que o surrou nas urnas. Duas vezes,  ambas no primeiro turno.

“É só comparar meu governo com o dele para saber por que o FHC não se conforma com um operário que deu certo na Presidência”, delirou o parteiro da conjunção de crises que ameaça o país com a falência política, econômica e moral. “Vejam o que eles fizeram e o que nós fizemos”. Se a oposição fosse menos inepta e mais altiva, teria aceitado há muito tempo o confronto proposto pelo recordista mundial de bravata & bazófia.

A mirada no retrovisor refletiria as incontáveis abjeções que escurecem a trajetória do PT, conduzido desde sempre pelo sinuelo desprovido do sentimento da vergonha. Em novembro de 1984, por não enxergar diferenças entre Paulo Maluf e Tancredo Neves, o partido optou pela abstenção no Colégio Eleitoral que escolheria o primeiro presidente civil depois do ciclo dos generais. Em janeiro de 1985, os deputados federais Airton Soares, José Eudes e Bete Mendes votaram em Tancredo. Foram expulsos do PT por ordem do comandante.

Em 1988, a bancada do PT na Constituinte recusou-se a assinar o texto da nova Constituição. No mesmo ano, num discurso em Aracaju, o deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva informou que o presidente José Sarney era “o grande ladrão da Nova República”. Lula e Sarney não demoraram a descobrir que haviam nascido um para o outro, Hoje são amigos de infância.

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Na campanha presidencial de 1989, o candidato do PT acusou Fernando Collor de “filhote da ditadura”. Depois do impeachment, “corrupto” foi a palavra mais branda que usou para qualificar o inimigo. Collor revidou com dois adjetivos no fígado (“ignorante” e “cambalacheiro”) e uma frase no queixo: “Lula é incapaz de distinguir uma fatura de uma duplicata”.

As duas almas gêmeas saberiam que também dividiam a paixão pela fortuna súbita que precede a vida perigosamente mansa. No momento, o senador do PTB de Alagoas e o chefão do partido que virou bando são colegas de Petrolão. Fora o resto, estiveram juntos no esquema que esvaziou os cofres da estatal. Poderão juntar-se de novo na traseira do mesmo camburão.

Em 1993, a ex-prefeita Luiza Erundina, uma das fundadoras do partido, aceitou o convite do presidente Itamar Franco para participar do ministério. Foi empurrada para fora do PT. Em 1994, ainda no governo Itamar Franco, os parlamentares petistas lutaram com ferocidade para impedir a aprovação do Plano Real. No mesmo ano, transformaram a revogação da mudança que erradicara a praga da inflação na bandeira principal da campanha presidencial.

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Entre o começo de janeiro de 1995 e o fim de dezembro de 2002, a bancada do PT votou contra todos os projetos, medidas, sugestões ou ideias encaminhados ao Legislativo pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Todos, sem exceção. Uma das propostas mais intensamente combatidas foi a que instituiu a Lei de Responsabilidade Fiscal. Desde a ressurreição da democracia, a ação do PT oposicionista foi permanentemente subordinada a sentimentos menores, interesses mesquinhos, objetivos sórdidos e sonhos liberticidas.

Em janeiro de 1999, mal iniciado o segundo mandato, o deputado Tarso Genro propôs a deposição do presidente reeleito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. O lançamento da campanha com o mote “Fora FHC!” evocou acusações que Tarso enfeixou num artigo publicado pela Folha. Trecho:

O presidente Fernando Henrique está pessoalmente responsabilizado por amparar um grupo fora da lei, que controla as finanças do Estado e subordina o trabalho e o capital do país ao enriquecimento ilegítimo de uns poucos. Alguns bancos lucraram em janeiro (evidentemente, por ter informações privilegiadas) US$ 1,3 bilhão, valor que não lucraram em todo o ano passado!

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Depois da eleição de 2002, FHC impediu que a inflação fosse ressuscitada pelo medo decorrente da ascensão do PT. Entre o  começo de novembro e o fim de dezembro, FHC comandou a primeira transição civilizada da história republicana e entregou a casa em ordem. Um surto de juízo aconselhou o sucessor a entregar a direção do Banco Central a Henrique Meirelles, eleito deputado federal pelo PSDB de Goiás. Três meses depois da posse, o oportunista de nascença começou a costurar a fantasia repulsiva da “herança maldita”.

O reizinho malandro finalmente está nu. O vigarista que prometia moralizar o país é o padroeiro de quadrilhas insaciáveis. O oposicionista que ignorou a mão estendida por Tancredo Neves passou a  confraternizar com qualquer caso de polícia. A vestal de bordel institucionalizou a roubalheira impune. Meteu-se até o pescoço nos maiores escândalos registrados desde a chegada das caravelas. E ensinou os filhos a fazer o que fazem.

A nação enfim acordou, e entendeu que o inventor do Brasil Maravilha era o disfarce do farsante boquirroto. O milagreiro de araque recebeu de FHC um país pronto para o ingresso no mundo civilizado. Com a ajuda do poste que instalou no Planalto, reaproximou o Brasil do tempo das cavernas. É ele o pai da verdadeira herança maldita. Mas nem fica ruborizado ao recitar que FHC sempre quis ser Lula quando crescesse.

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“É inveja”, esbraveja o marechal do que o ministro Celso de Mello qualificou de projeto criminoso de poder. O espelho berra o contrário. Nenhum homem culto prefere ser ignorante. Gente civilizada despreza a tribo dos primitivos. Um estadista honrado quer distância de um politiqueiro fora da lei.

Sobretudo, o vencedor não tem motivos para invejar um vencido que também sucumbiu à espécie de ressentimento para o qual não há remédio — e o tempo não cura.

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