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Augusto Nunes

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Antes de juntar-se à Frente Pró-Ladroagem chefiada por Lula, o veterano da Guerra Fria apoiou o Paraguai na batalha de Itaipu

ATUALIZADO ÀS 18H02 Lula não foi o primeiro revolucionário bolivariano a enxergar em João Pedro Stédile a sumidade militar capaz de induzir um Winston Churchill à rendição sem luta com meia dúzia de rosnados (e um olhar feroz durante a pausa entre a ameaça medonha e o ultimato). Sete anos antes da beligerância de picadeiro […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 5 jun 2024, 10h39 - Publicado em 28 fev 2015, 19h43
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    Lula não foi o primeiro revolucionário bolivariano a enxergar em João Pedro Stédile a sumidade militar capaz de induzir um Winston Churchill à rendição sem luta com meia dúzia de rosnados (e um olhar feroz durante a pausa entre a ameaça medonha e o ultimato). Sete anos antes da beligerância de picadeiro na ABI, também o presidente paraguaio Fernando Lugo vislumbrou por trás do bando aquartelado em barracas de lona preta uma força combatente de meter medo no mais temerário marine americano.

    Em janeiro de 2009, o bispo que virou reprodutor de batina escapou por pouco de cair no conto do marechal dos campos. Ainda em êxtase com a chegada ao poder do companheiro Lugo, ocorrida quatro meses antes, e já excitado com os festejos pelo 25º aniversário do MST, programados para quatro meses depois, Stédile lembrou que em dezembro o início da Guerra do Paraguai completaria 145 anos. É muita coincidência para ser apenas muita coincidência, desconfiou o veterano da Guerra Fria.

    E se fosse uma mensagem psicografada por Stalin, avisando que um ano daqueles merecia muito mais que as selvagerias de rotina?. A dúvida acabou parindo a ideia de acrescentar às invasões de fazendas produtivas e aos ataques a laboratórios de pesquisas agrícolas o recomeço da guerra que se estendeu de 1864 a 1870 — com a novidade que mudaria o desfecho do confronto: desta vez, a Tríplice Aliança não enfrentaria uma nação sem parceiros.

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    Na maior revanche do terceiro milênio, o Brasil, a Argentina e o Uruguai teriam de enfrentar o exército que, no tiroteio retórico que agitou o saloon da ABI, coube em três falácias agrupadas pelo palanque ambulante. “Quero paz e democracia”, mentiu Lula. “Mas também sabemos brigar”, reincidiu na bazófia. “Sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele nas ruas”, sucumbiu ao delírio.

    Convém esperar sentado pela tropa pronta para matar e morrer se assim ordenar o  camponês de araque que, como constata o post reproduzido na seção Vale Reprise, só conhece foice de bandeira e imagina que pá é coisa que dá em parreira. Já na segunda semana de 2009, ainda tentando descobrir a diferença entre gatilho e culatra, Stédile comunicou a Lugo que era iminente a execução de duas operações concebidas para inaugurar a troca de chumbo: a tomada das instalações da hidrelétrica de Itaipue e a expulsão dos agricultores brasileiros que vivem e trabalham no Paraguai.

    “Nada é mais nacionalista do que defender a soberania de um povo sobre os seus recursos naturais”, explicou o comandante. “Defendemos a soberania de todos os países. Somos contra o imperialismo dos Estados Unidos sobre o Brasil e do Brasil sobre qualquer país da América do Sul”. No século 19, o exército imperial precisou aliar-se a dois vizinhos e lutar durante cinco anos para derrotar um solitário Solano Lopes. Conseguiria a República sobreviver à ofensiva conjunta de paraguaios com trabuco e brasileiros sem terra?

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    Nunca se saberá. As divisões de Stédile preferiram o sossego das barracas aos perigos e carências das trincheiras que, além do mais, estão fora do circuito abrangido por cestas básicas e mesadas que o governo distribui graças ao dinheiro extorquido dos pagadores de impostos. Nem por isso o marechal perdeu a pose, informa o besteirol protagonizado na ABI pela Frente Pró-Ladroagem. Ele não foi à luta nem mesmo quando Lugo foi liberado pelo impeachment para conviver com a filharada. Mas promete colocar a turma nas ruas se a Polícia Federal e o Judiciário insistirem em cumprir a lei.

    Até agora, as organizações criminosas a serviço do lulopetismo contavam com as milícias comandadas por José Dirceu, que só conseguem matar de rir. As tropas do MST são mais perigosas — para os recrutas que as compõem. Se tentar transformar em armas os instrumentos de trabalho que sempre passaram ao largo de colheitas e  semeaduras, o exército de Stédile vai acabar exibindo, depois de uma semana de treinamento, a maior incidência de mutilados de guerra por metro quadrado desde o primeiro confronto armado entre tribos das cavernas.

    O comandante Stédile, por exemplo, deve dispensar-se de ensinar como se luta com facão. Pode perder a cabeça, literalmente, no primeiro minuto da aula.

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