Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A pomba e o corvo do almanaque eleitoral

Terão os brasileiros que fazer o que fizeram os dois velhos da lenda talmúdica descrita por Eça de Queiroz?

Por Deonísio da Silva
Atualizado em 4 jun 2024, 16h22 - Publicado em 29 jul 2018, 11h39
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Deonísio da Silva

    Uma lenda talmúdica que li em Eça de Queiroz conta que, às vésperas do Dilúvio, dois videntes, sabendo das  malévolas intenções de Deus, resolveram fazer um almanaque.

    Temerosos de que depois daquela primeira Humanidade, os novos homens teriam que partir outra vez do zero, que, aliás, ainda não existia, pois a própria Arca de Noé foi calculada sem o zero, os dois anciãos pretendiam reunir os saberes já acumulados, com o fim de garantir que a nova Humanidade tivesse por onde começar de novo.

    Também a palavra almanaque ainda não existia. Ela designará, muito mais tarde, o verbo que identifica o ato do camelo se ajoelhar. Ora, os camelos não se ajoelham onde querem, mas onde os viajantes das caravanas mandam. Porque, para os homens como para os animais, manda quem pode e obedece quem precisa.

    Cultores do bom estilo, dizendo muito com poucas palavras, os dois anciãos precisaram de apenas três dias para reunir o saber epocal, fazendo em rochas, pedras e tijolos os registros imperecíveis de uma enciclopédia cujo título foi Livro de Todo-o-Saber.

    Continua após a publicidade

    As primeiras estiletadas marcaram a data do começo do mundo, as jornadas dos astros no Céu, vistas pelo Zodíaco, especialmente do Sol, da Lua e de algumas estrelas referenciais, como Vênus ou Estrela D’Alva, que, sendo a mesma, pela manhã deu nome ao Amor e ao Demônio, e ao entardecer tornou-se Vésper.

    Os dois velhos reuniram o que já se sabia: a melhor época de plantar e de colher, como e quando tosquiar as ovelhas, como aproveitar a lã, forjar o ferro, amassar o barro, atrair e domesticar abelhas e lobos, tornando-os produtores de mel e guardiães da casa; que ervas usar como chás para isso ou aquilo, que substâncias pôr nos ferimentos, como entender registros que tinham permanecido, como as tábuas de pesos e medidas, alguns códigos de direito primitivo, que prescreviam como examinar e julgar os conflitos, que castigos e que penas impor etc.

    Certamente não faltariam nestes registros alguns versos ou frases que resumiriam, às vezes de forma poética, a arte de viver, em paz ou em guerra, conforme fosse necessário.

    Continua após a publicidade

    Terão os brasileiros que fazer o que fizeram os dois velhos da lenda talmúdica? Como estão se desenhando as próximas eleições presidenciais, parece que sim. Deixemos, pois, registrado em algum lugar, como se faz orçamento, como se combate a inflação (sim, é preciso combatê-la), como se cuida da saúde, da educação, dos transportes, da segurança e de outros temas fundamentais para que o eleito não resolva inventar a roda.

    E, assim, depois da longa quarentena do Dilúvio e de outras destruições que se avizinham, alguns corvos que ora adejam por aí, da mesma família daquele que Noé soltou, voltarão a sobrevoar, mas não encontrarão onde pousar e voltarão a seus galhos.

    Será então a vez de soltar a pomba. Como aprendemos em outro almanaque, ela fará três viagens. Na primeira, voltará à Arca sem nada. Na segunda, voltará com um ramo verde no bico. E da terceira viagem ela não voltará e só então poderemos descer para recomeçar.

    *Deonísio da Silva
    Diretor do Instituto da Palavra & Professor
    Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
    https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.