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A goleada vergonhosa confirmou que, sem Neymar, o time de Felipão não é muito melhor que a seleção das Ilhas Malvinas

Ninguém previu uma goleada tão vergonhosa, mas a derrota nada tem de surpreendente. “A Seleção é uma caricatura do time que venceu a Copa das Confederações”, constatou o título do texto aqui publicado em 27 de junho. O otimismo decorrente do primeiro tempo contra a Colômbia desfez-se a quatro minutos do fim do jogo, quando […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 03h31 - Publicado em 9 jul 2014, 14h00
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  • Ninguém previu uma goleada tão vergonhosa, mas a derrota nada tem de surpreendente. “A Seleção é uma caricatura do time que venceu a Copa das Confederações”, constatou o título do texto aqui publicado em 27 de junho. O otimismo decorrente do primeiro tempo contra a Colômbia desfez-se a quatro minutos do fim do jogo, quando uma agressão pelas costas expulsou da Copa o único cracaço em campo. Depois do traumático confronto com a Alemanha, depois desse obsceno 7 a 1, a nação que ganhou cinco vezes a Copa do Mundo perdeu o direito de apresentar-se ao mundo como o País do Futebol. Não pode usar tal codinome um Brasil incapaz de meter medo numa seleção das Ilhas Malvinas.

    Confira o post. Volto em seguida.

    Nos quatro jogos da Copa do Mundo, a Seleção foi uma caricatura do time que venceu, merecidamente, a Copa das Confederações. Os nomes do técnico e dos titulares não mudaram. Mas a indigente vitória contra o Chile, outro evento de alto risco para torcedores cardiopatas, reforçou a suspeita de que, passados 12 meses, quase todos se transformaram em sósias de si mesmos. As exceções são Neymar, Thiago Silva e Luis Gustavo. A performance na decisão por pênaltis pode devolver a Júlio César a antiga autoconfiança e acabar por incluí-lo nessa reduzida tropa de elite.

    Há um ano, Felipão comandou uma equipe suficientemente ágil, entrosada e corajosa para meter medo em qualquer adversário. Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luís e Marcelo sabiam sair jogando, fechar espaços, desarmar e, eventualmente, aparecer na grande área adversária. Luis Gustavo, Paulinho e Oscar protegiam a retaguarda, dominavam o meio de campo e abasteciam com passes em profundidade um ataque que, além de finalizar com frequência e eficácia, também marcava a saída de bola. Hulk se multiplicava nos dois lados do gramado, Fred fazia gols. E Neymar reiterava a cada partida que logo seria o melhor do mundo.

    Um ano depois, o padrão de jogo sumiu e não há vestígios de combinações táticas. O repertório da família Scolari é diminuto e bisonho. O goleiro coleciona chutões para a frente, os zagueiros insistem em ligações diretas, os encarregados da armação se escondem ou trocam passes miúdos, o centroavante marca quem deveria marcá-lo, as jogadas de ataque se limitam a cruzamentos sobre a área ou investidas individuais natimortas.

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    Cumpre a Neymar compensar tantas deficiências com momentos luminosos, lances mágicos e gols de placa. Foi o que fez  durante a fase eliminatória. Neste sábado não deu. Além de estreitamente vigiado por dois ou três chilenos, o dono da camisa 10 passou 120 minutos sozinho (enquanto Fred se arrastou em campo) ou mal acompanhado pelo inverossímil Jô. Também lhe coube a cobrança do último pênalti. Haja dependência.

    Neymar é genial. Mas tem apenas 22 anos. Não merece conquistar a Copa um bando de marmanjos, quase todos com larga milhagem internacional, que transfere para um garoto a missão de carregar o Brasil nas costas.

    Que Maracanazo, que nada. O Massacre do Mineirão foi infinitamente mais humilhante que a derrota na final da Copa de 1950. Há 64 anos, o Uruguai lutou bravamente para vencer por 2 a 1. Nesta quarta-feira, a Alemanha passeou em campo e só não chegou aos dois dígitos por misericórdia. Na história do futebol brasileiro, 8 de Julho de 2014 será lembrado para sempre como o Dia da Vergonha.

    É esse time, com esse técnico, que vai disputar o terceiro lugar com a Argentina ou a Holanda. O calvário ainda não chegou ao fim. Oremos.

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