Domitila Becker
O formigueiro humano que invade o centro de São Paulo de segunda a sexta vai intensificar-se neste fim de semana. Só que, no lugar dos engravatados, pregadores e camelôs que habitualmente ocupam as ruas da região, haverá uma multidão ávida por cultura. Durante 24 horas, a Virada Cultural receberá 4 milhões de visitantes, espalhados por mais de mil atrações gratuitas: shows, teatros, filmes, exposições e espetáculos de dança e circo que começam às 18h do sábado, dia 15, e só terminam às 18h de domingo.
Além de shows de primeira qualidade, como os dos cubanos Barbarito Torres e Ignácio Mazacote, do grupo Buena Vista Social Club, o evento oferece uma chance imperdível para passear à noite pelo centro ─ em segurança. Pontos históricos serão transformados em palcos a céu aberto. Na Praça da República, a velha guarda do samba será comandada por Nelson Sargento e Paulo Vanzolini.
Em mais de 40 espaços distribuídos pelo centro, haverá atrações para qualquer tipo de freguesia cultural. Das mais eruditas, como orquestras na Estação da Luz, às mais extravagantes, como performances de suspensão corporal, na Galeria Prestes Maia: os interessados serão suspensos por ganchos cravados na pele. Neste ano, os visitantes poderão embarcar no Trem das Onze para uma viagem pela vida e obra de Adoniran Barbosa. No percurso, entre as estações Luz e Brás, exposições fotográficas e grupos musicais estarão homenageando o centenário do nascimento de um dos maiores sambista brasileiros.
No espetáculo Formigas Gigantes, do grupo espanhol Sarruga, insetos enormes invadirão o Vale do Anhangabaú. E o Parque da Luz, que permanecerá aberto a noite toda, trará a intervenção urbana Vagalume “Die Lichtwese: uma procissão de criaturas místicas com figurinos iluminados. Nem o céu será poupado. Os Acrobáticos Fratelli participarão de um audacioso jogo de futebol num campo vertical projetado na parede do Edifício Matarazzo.
Longe do centro, um dos destaques é o som instrumental – e brasileiríssimo – da Banda Mantiqueira, que tocará no Museu da Casa Brasileira a partir das 20h do sábado. A big band, que faz sucesso há 13 anos, vai apresentar arranjos primorosos de Nailor Proveta e Edson Alves numa homenagem a Pixinguinha, Tom Jobim, João Bosco e Aldir Blanc. Um pouco mais distante, um cortejo comandado pelo Babado de Chita fará o trajeto que separa o Sesc do Museu Ipiranga ao som de coco, cacuriá e ciranda. O público será convidado a cantar, dançar e tocar junto com os músicos e dançarinos do grupo.
A prefeitura destinou cerca de R$ 8 milhões à Virada Cultural 2010. No ano passado, foram R$ 5,5 milhões. Com um número maior de atrações, a dica é escolher o par de tênis mais confortável e planejar o percurso com antecedência.