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“Tiro livre, direto”, e outras cinco notas de Carlos Brickmann

Se sofrer duas condenações, Lula não poderá se candidatar em 2018. Se for condenado num caso, e o recurso for rejeitado, vai para a prisão

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 21h34 - Publicado em 16 out 2016, 06h32

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Antes da era dos mísseis teleguiados, os combates marítimos obedeciam a uma fórmula consagrada: primeiro, os tiros eram disparados aos quatro lados do inimigo (enquadramento do alvo), e as colunas d’água levantadas pelos projéteis indicavam o movimento do mar e orientavam a mira. Davam também ao inimigo a chance de se render. O tiro seguinte era direto ao alvo, para afundá-lo ou pelo menos reduzir sua capacidade de combate.

É assim que a Justiça se aproxima de Lula: enquadrando o alvo.

1- Na quinta-feira, Lula se tornou réu pela terceira vez, agora em Brasília. Acusações: tráfico de influência, organização criminosa (mais grave que a antiga formação de quadrilha), lavagem de dinheiro e corrupção passiva nos negócios financiados pelo BNDES em Angola.

2 – No mesmo dia, a Receita suspendeu a isenção tributária de 2011 do Instituto Lula por desvio de finalidade: o Instituto pagou despesas de Lula e de sua esposa. Isso quer dizer que a entidade está sujeita a pagar os impostos de que era isenta, corrigidos, mais multa de uns R$ 2 milhões.

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3 – Lula é réu duas vezes em Curitiba: por corrupção e lavagem de dinheiro no apartamento do Guarujá e por tentar atrapalhar as investigações sobre a Petrobras. Nos dois casos deve ser julgado por Sérgio Moro.

Se sofrer duas condenações, Lula não poderá se candidatar em 2018. Se for condenado num caso, e o recurso for rejeitado, vai para a prisão.

 

Do palácio à cadeia

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Crime pelo qual foi condenado o senador Gim Argello: vender proteção na CPI da Petrobras (entre os compradores, confessos, os empreiteiros Léo Pinheiro, da OAS, e Ricardo Pessoa, da UTC). Pena determinada pelo juiz Sérgio Moro: 19 anos de prisão.

Curiosa figura, Gim Argello. Rico, tornou-se suplente do candidato Joaquim Roriz. Foi morar na Península dos Ministérios. Acordava cedo, vestia o agasalho e só saía quando a ministra-chefa da Casa Civil, Dilma Rousseff, iniciava sua caminhada. Por acaso, seus caminhos se cruzavam todos os dias. Caminhavam juntos, ficaram amigos, Dilma o ouvia. Quando Joaquim Roriz renunciou, o suplente Gim já assumiu como político poderoso. Subiu rápido, caiu rápido: as delações premiadas o jogaram no olho do furacão. Em 12 de abril foi preso. E agora, sabe-se lá quando sai.

 

Preso fica preso

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A mudança está sendo pensada pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a pedido do presidente Michel Temer: endurecer o cumprimento de penas de prisão. Hoje, um condenado pode ser solto depois de cumprir 1/6 da pena — o que significa que um condenado a 5 anos pode ficar livre após onze meses. A ideia é aumentar o tempo mínimo de prisão para metade da pena. E seria ótimo reestudar as “saidinhas”,  libertação de presos por um período curto. Algo como a autorização de saída de Suzanne von Richthofen para o Dia dos Pais: ela foi condenada por matar pai e mãe.

 

Nova força

O encontro entre Michel Temer e Fernando Henrique teve outros temas além de amenidades. Ambos começaram a conversar sobre uma aliança eleitoral entre PMDB e PSDB — nas condições atuais, uma composição imbatível. Mas não é simples: há rivalidades estaduais, haverá guerras por posições no partido. A disputa entre Renan Calheiros e Eduardo Cunha por pouco não impediu o impeachment. O PSDB já tem três candidatos à Presidência da República, os três de sempre, os três inconciliáveis. E, só para dar uma ideia do clima entre os tucanos, a vitória na maior cidade do país, no primeiro turno, gerou mais divergências do que festas.

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Força crescente

Aos poucos, cresce a aprovação do presidente Michel Temer. Entre agosto (21%) e setembro (30%), a alta foi de nove pontos percentuais. A rejeição a Temer caiu no mesmo ritmo: de 68% em agosto para 60% em setembro. A pesquisa foi realizada pela Ipsos entre 6 e 16 de setembro, em todo o país. Temer tem muito a crescer: primeiro, porque obteve uma grande vitória política num tema complexo, a imposição de um teto às despesas do Governo; segundo, porque ainda é pouco conhecido pela população; terceiro, porque está tratando agora de temas controversos, em que a população é majoritariamente contrária, mas metade dos entrevistados nunca ouviu falar de reforma da Previdência nem das leis trabalhistas.

Trata-se, portanto, de uma batalha de comunicação — e quem tem verbas mais abundantes para o, digamos, trabalho de convencimento?

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Bob Nobel

Robert Zimmerman, ou Bob Dylan, esplêndido músico americano (Blowing in the Wind, Like a rolling stone), ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2016. E ainda bem que ainda desta vez o premiado não foi brasileiro. Diante do que mostrou a Lava Jato, nosso Nobel seria Safadão.

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