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‘O hino era outro’, por Deonísio da Silva

DEONÍSIO DA SILVA O Hino Nacional que cantamos não é a canção que venceu o concurso público para escolha deste importante símbolo nacional. O povo não aprovou a música de Leopoldo Miguez e a letra de Medeiros e Albuquerque, embora tivessem obtido em concurso público o primeiro lugar, entre 36 candidatos. Também não tinha aprovado […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 07h45 - Publicado em 30 set 2012, 11h38
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    O Hino Nacional que cantamos não é a canção que venceu o concurso público para escolha deste importante símbolo nacional. O povo não aprovou a música de Leopoldo Miguez e a letra de Medeiros e Albuquerque, embora tivessem obtido em concurso público o primeiro lugar, entre 36 candidatos. Também não tinha aprovado a letra anterior, de Américo Moura: “Gravai com buril nos pátrios anais o vosso poder/ Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante”.

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    Então, o marechal Deodoro da Fonseca, monarquista que proclamara a República, determinou que o Hino Nacional continuava a ser aquele dos tempos do Império, letra do professor de português do Colégio Pedro II, Joaquim Osório Duque Estrada, e música de Francisco Manuel da Silva.

    A letra classificada em primeiro lugar é bonita, mas falsa! Diz: “Nós nem cremos que escravos outrora/ Tenha havido em tão nobre País…” Outrora era 1888! Fazia pouco mais de um ano que não havia mais escravos no Brasil, por força da Lei Áurea, assim chamada por ter sido assinada pela princesa Isabel com uma caneta de ouro!

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    Tal como na letra que hoje cantamos, o riacho Ipiranga também está lá, parecendo o Amazonas, pelo estilo pomposo: “Do Ipiranga é preciso que o brado/ Seja um grito soberbo de fé!”.

    Igual decepção tiveram os cruzados quando chegaram à Terra Santa. Acostumados a ver rios europeus grandiosos, como o Danúbio e o Reno, achavam que o Jordão fosse ainda maior! E encontraram um riacho! Portanto não era tão grande a dificuldade de Réprobo, nome original de São Cristóvão, atravessá-lo com o Menino Jesus às costas.

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    Aquarela do Brasil não é hino nacional, mas talvez seja mais coerente com a História do Brasil: “Ah! Abre a cortina do passado/ Tira a mãe preta do cerrado.” A menos que os atuais censores de Monteiro Lobato vejam racismo nesse autor também. Ary Barroso, órfão desde os oito anos, que “teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo”, venceu todas na vida, mas perderia para os censores.

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    Porque “a burrice, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro promissor”, como disse o ex-seminarista Roberto Campos.

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    Enquanto não mudarmos a letra do Hino Nacional ou não a aprendermos, continuaremos dando o vexame de não saber cantá-la ou não saber o que cantamos. Poucos entendem versos tão rebuscados, compostos de palavras estranhas, algumas já fora de circulação!

    A prova dos nove de que todos sabem o Hino Nacional dar-se-á quando até os jogadores da seleção brasileira, este “impávido colosso”, cantarem seus versos “em brado retumbante”, saudando o “Brasil, florão da América”, devidamente perfilados diante do “lábaro estrelado”, iluminados pelos “raios fúlgidos” do patriotismo e protegidos pelo “formoso céu risonho e límpido”, onde “a imagem do Cruzeiro resplandece.” E sem “o heroico brado”.

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    “Herói cobrado?”. Cada um deles é um herói pago! Os mais famosos não são mais pagos em cruzeiros, velhos ou novos, nem em reais, e, sim, em dólares, euros, dinares etc. Então, que pelo menos saibam cantar o Hino Nacional, afinal “a seleção é a pátria de calções e chuteiras”, segundo a frase imortal de Nelson Rodrigues.

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