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Augusto Nunes

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‘Até talvez, até quem sabe’, por Carlos Brickmann

Publicado na coluna de Carlos Brickmann Era para ser na quinta, não deu. Ficou para sexta, para segunda? Ou, quem sabe, para terça? Não! O início da deliberação sobre os tais embargos infringentes, última etapa do julgamento do Mensalão, ficou para quarta-feira, 11. Conforme for, haverá ministros votando na quinta; e, se não der, na […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h26 - Publicado em 8 set 2013, 09h10

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Era para ser na quinta, não deu. Ficou para sexta, para segunda? Ou, quem sabe, para terça? Não! O início da deliberação sobre os tais embargos infringentes, última etapa do julgamento do Mensalão, ficou para quarta-feira, 11. Conforme for, haverá ministros votando na quinta; e, se não der, na quarta seguinte, dia 18. Há quem diga que o Brasil tem pressa de Justiça. Mas pressa a Justiça não tem.

Por que tanta demora? Justiça que tarda, falha, disse a ministra Carmen Lúcia. O julgamento do Mensalão é importantíssimo ─ mas não o suficiente para levar o STF a nele trabalhar na sexta, na segunda, na terça, a invadir fins de semana, encolher recessos e férias, desconhecer um ou outro feriado. Façamos as contas.

O Mensalão foi revelado pelo deputado Roberto Jefferson em junho de 2005. Em 2006, o procurador-geral Antônio Fernando fez a denúncia ao Supremo, que a aceitou em agosto de 2007. O julgamento começou em 2 de agosto de 2012. Em 17 de dezembro de 2012 o STF anunciou as penas dos condenados.

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E então? Então os ministros entraram em férias, ou recesso. Hoje, oito anos após a acusação de Jefferson, sete anos depois da denúncia, seis anos após sua aceitação pelo Supremo, um ano e um mês após o início do julgamento, quase nove meses após o anúncio das penas, o processo ainda não terminou. Já demorou mais que a Segunda Guerra Mundial, que mudou a face do mundo.

Até que tudo termine o país fica menos sério. José Dirceu convidou seus amigos para assistir ao julgamento num salão de festas. É assim que se vê a Justiça.

Em tempo (ou não)
Se o Supremo aceitar embargos infringentes, o julgamento do Mensalão se estenderá por mais alguns meses ─ provavelmente até dezembro do ano que vem.

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A linha vermelha
Diziam os gregos que o maior de seus deuses, Zeus, punia os homens realizando seus desejos. Imaginemos, num exercício de futurologia, que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, atenda às exigências da presidente Dilma e do ex-presidente Lula e humildemente, por escrito, peça desculpas pela espionagem americana no Brasil. E, para poupar o Governo brasileiro de constrangimentos por não saber quais as informações secretas apuradas pela National Security Agency, revele também, pública e humildemente, o material colhido pela espionagem americana.

E aí, caro leitor, que é que nosso Governo vai dizer em casa?

Para que? Para nada
A reação mais interessante do Governo Dilma à espionagem americana é o anúncio de que, para dificultar aos espiões o acesso a nossos dados, será produzido e lançado um satélite brasileiro de telecomunicações, orçado em US$ 600 milhões. Produzir o satélite é bom, contribui para atualizar a tecnologia do país nesta área; dispor de um satélite próprio de telecomunicações é bom, dá maior flexibilidade à transmissão de dados, voz e imagem.

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Mas, se os dados da Rússia, superpotência tecnológica, são espionados, não serão os brasileiros que passarão incólumes, sem ser captados nem decifrados, pelos agentes estrangeiros.

Compostura
O deputado federal Paulinho da Força, hoje no PDT, está montando seu novo partido, o Solidariedade, com o luxuosíssimo auxílio de líderes de outras legendas. O bem-informado colunista Ilimar Franco, de O Globo, conta que Paulinho oferece aos governadores que o apoiam dois minutos da propaganda na TV a que seu partido terá direito, tão logo o Solidariedade seja homologado. Em troca, cada um dos governadores lhe repassa determinado número de deputados federais ─ normalmente, dois. Com isso, o Solidariedade nascerá com bancada de cerca de 30 deputados. E, embora fique praticamente sem tempo próprio de TV na campanha federal, terá amplo espaço de propaganda nas campanhas estaduais.

É legal? Em princípio, não: configura troca de favores. Mas a Justiça Eleitoral está deixando, então deve estar tudinho rigorosamente dentro da lei.

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Quem é quem
Ainda de acordo com Ilimar Franco, Paulinho já fechou acordo com dois governadores do PSDB, Marconi Perillo (Goiás) e Beto Richa (Paraná); dois do PSB, Cid Gomes (Ceará) e Eduardo Campos (Pernambuco); um do PMDB, André Puccinelli (Mato Grosso do Sul). Em Minas, o acordo foi fechado não com o governador, mas com o cacique de seu partido: o próprio Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência.

Aécio lhe aluga o passe de três parlamentares. Os 30 deputados, aliás, já formam uma bancada: na semana passada, participaram de reunião com Paulinho, no escritório brasiliense de um dos advogados do partido.

No lago azul
Comentário de um aliado de Paulinho, sobre a fórmula utilizada para montar a bancada federal do partido: “O Solidariedade está bombando. Os governadores estão louquinhos pelos dois minutos a mais na TV. O patinho feio virou cisne”.

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Acredite se puder
Retrato do Brasil: um cavalheiro que a PM considerou suspeito foi submetido a revista. Enquanto os PMs revistavam o suspeito, um garoto tentou bater sua carteira.

Hoje em dia, o sujeito não está seguro nem cercado pela Polícia.

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