Escavação em Pompeia esclarece técnicas de construção romanas
Descoberta ajuda a explicar por que muitas construções de Roma Antiga resistiram por séculos a terremotos, à umidade e à ação do tempo
Um canteiro de obras interrompido pela erupção do Monte Vesúvio, em 79 d.C., está ajudando pesquisadores a entender de forma inédita como os romanos produziam o concreto que sustentou parte expressiva de suas construções por quase dois mil anos. A análise foi feita em uma área de Pompeia que estava em plena atividade no momento da catástrofe e teve os resultados publicados na revista científica Nature Communications.
Quando a erupção ocorreu, trabalhadores deixaram para trás ferramentas, pilhas de materiais e paredes em diferentes fases de construção. Esse conjunto raro de vestígios permitiu observar não apenas edifícios já prontos, mas o próprio processo de preparo do cimento em andamento.
O que foi encontrado no canteiro de obras?
Nos cômodos escavados, os pesquisadores identificaram montes organizados de cal, cinzas vulcânicas, fragmentos de pedra, areia, pedaços de cerâmica e telhas. Também foram localizados instrumentos usados na construção, como pesos, prumos e ferramentas para alinhar paredes e padronizar medidas.
A equipe comparou a composição química desses materiais ainda crus com a das paredes já erguidas no local. Os resultados indicaram que a mistura usada para levantar os muros era preparada diretamente no próprio canteiro e seguia proporções consistentes ao longo da obra.
A confirmação da “mistura a quente”
O estudo traz evidências diretas de que os romanos utilizavam a chamada técnica de “mistura a quente” para produzir o concreto. Nesse método, a cal viva, obtida a partir do aquecimento do calcário e ainda em estado seco, era misturada diretamente com as cinzas vulcânicas antes da adição da água.
Essa reação liberava calor e alterava a estrutura interna do material ainda na fase inicial. As análises microscópicas revelaram a presença de pequenos fragmentos de cal dentro do concreto, associados a um padrão específico de porosidade e microfissuras. Esse conjunto de características confirma que a “mistura a quente” estava em uso no canteiro no momento da erupção.
Esses fragmentos permitem que o concreto passe por reações químicas lentas ao longo do tempo, preenchendo pequenas fissuras que se formam com o envelhecimento das estruturas. Esse mecanismo ajuda a explicar por que muitas construções romanas resistiram por séculos a terremotos, à umidade e à ação do tempo.
O que isso muda no entendimento da engenharia?
Até agora, grande parte do conhecimento sobre as técnicas construtivas romanas vinha de fontes escritas da Antiguidade, como os relatos de Vitrúvio, arquiteto que descreveu métodos de preparo de materiais no Império Romano. As evidências encontradas em Pompeia mostram que, na prática, os métodos podiam ser mais complexos e variados do que aqueles registrados nos textos.
O estudo também indica que o concreto romano não era apenas resistente, mas um material quimicamente ativo, capaz de se transformar ao longo dos séculos para manter a integridade das estruturas.
Segundo os autores, compreender com mais precisão como esse concreto era produzido pode ajudar no desenvolvimento de materiais modernos mais duráveis e sustentáveis. A proposta não é reproduzir exatamente o método romano, mas aproveitar parte desse conhecimento antigo para criar concretos com maior vida útil e menor impacto ambiental.
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