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Os Picassos e Warhols escondidos em um porão do Irã

No porão do Museu de Arte Contemporânea de Teerã, na capital iraniana, estão guardadas 1500 peças de arte ocidentais. Muitas delas não são exibidas ao público há mais de 30 anos. O museu foi construído a mando da imperatriz Farah, mulher do xá Reza Pahlevi, um pouco antes de ocorrer a Revolução Islâmica que derrubou a monarquia […]

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 22h33 - Publicado em 19 mar 2016, 08h11
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    O quadro Still Life with Head-Shaped Vase and Japanese Woodcut, de Paul Gauguin, está avaliado em 45 milhões de dólares (Crédito: Domínio Público)

    No porão do Museu de Arte Contemporânea de Teerã, na capital iraniana, estão guardadas 1500 peças de arte ocidentais. Muitas delas não são exibidas ao público há mais de 30 anos. O museu foi construído a mando da imperatriz Farah, mulher do xá Reza Pahlevi, um pouco antes de ocorrer a Revolução Islâmica que derrubou a monarquia e instalou os aiatolás no poder.

    O regime fundamentalista proibiu filmes, música e muitos livros ocidentais. Apenas em 1999, vinte anos depois da queda do xá e dez após a morte do aiatolá Khomeini, o museu tirou algumas de suas obras de artistas ocidentais do subsolo para uma exposição. As obras que retratavam nudez ou de autores americanos, judeus e homossexuais, no entanto, foram mantidas no acervo — para não ferir os pudores ou atiçar a xenofobia e a homofobia dos líderes religiosos do país. Entre as que nunca foram expostas estão pinturas de nu de Pablo Picasso e Edvard Munch, o quadro Gabrielle com a Blusa Aberta, de Pierre-Auguste Renoir, e uma série de retratos de Mao Tsé-Tung feitas por Andy Warhol.

    Gabrielle com a blusa aberta, de Pierre-Auguste Renoir

    Gabrielle com a Blusa Aberta, de Pierre-Auguste Renoir

    O museu também guarda obras de Pollock, Monet, Gauguin, Pissaro, Toulouse-Lautrec, Van Gogh, Rodin, Chagall e Diego Rivera. Há nada menos que 15 Warhols e 30 Picassos, como conta esta reportagem da Bloomberg, escrita por Peter Waldman e Golnar Motevalli e ilustrada com fotos de Ali Kaveh.

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    Os diretores do museu têm a esperança de que agora, com o fim das sanções internacionais em retaliação ao programa nuclear iraniano, poderão fechar acordos com museus de outros países para expor as obras mundo afora — já que muitas não podem ser vistas pelos iranianos.

    Se o acordo costurado pelo governo americano para suspender a construção da bomba atômica vai dar certo ainda é uma incógnita. Há muita resistência por parte dos setores mais conservadores do Irã, e se a economia do país não tiver uma recuperação rápida, eles podem pressionar pelo rompimento do acordo. Pelo menos, enquanto isso, o mundo terá a chance de apreciar o tesouro artístico que a intolerância religiosa escondeu por tantas décadas.

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