Uma equipe de trinta cientistas embarca nesta sexta-feira em busca de informações sobre Zelândia, um oitavo continente “perdido” com 4,9 milhões de quilômetros quadrados (equivalente a cerca da dois terços da área da Austrália). Em fevereiro, um grupo de pesquisadores afirmou que essa porção da crosta terrestre, que fica 94% submersa sob a Nova Zelândia, teria todas as características de um continente. Com a viagem, que deve durar dois meses, especialistas de doze países vão recolher indícios sobre a história de Zelândia, que poderiam ajudar no reconhecimento do possível novo continente.
“Cerca de 50 milhões de anos atrás, aconteceu uma grande mudança no movimento das placas tectônicas no Oceano Pacífico. Isso resultou no ‘mergulho’ de uma placa sob a Nova Zelândia, a elevação dessa região acima da linha d’água e o desenvolvimento de um novo arco de vulcões”, afirmou Jamie Allan, um dos diretores da divisão de ciências oceânicas da Fundação Nacional de Ciência (NSF, na sigla em inglês), que financia a expedição, em comunicado. “A investigação vai examinar a história e as causas dessas mudanças, bem como transformações relacionadas nos padrões de circulação oceânica e, finalmente, no clima da Terra.”
Oitavo continente?
A Zelândia é uma massa de terra já conhecida pelos cientistas como um fragmento continental – ou seja como um pedaço da crosta terrestre que se desprendeu dos demais continentes. Apenas algumas porções de sua área estão acima do nível do mar, como pequenas ilhas e territórios ao Norte e ao Sul da Nova Zelândia e da Nova Caledônia.
Há pelo menos duas décadas os pesquisadores analisam as informações sobre Zelândia e, no início do ano, em manifesto publicado em fevereiro o GSA Today, periódico científico da Sociedade Geológica dos Estados Unidos, afirmaram que o modo como ocorreu a separação de Zelândia da Austrália e sua grande área sustentam a definição como continente.
Para recolher mais indícios que sustentem a nova classificação, a expedição vai sair de Townsville, na Austrália, a bordo de um dos mais avançados navios de perfuração do mundo. Os cientistas vão visitar a área entre a Austrália e Nova Zelândia, fazendo perfurações na crosta terrestre para investigar como aconteceu a “subdução”, nome científico para o “mergulho” de uma placa tectônica sob outra. Eles vão recolher sedimentos entre 300 a 800 metros abaixo do fundo do mar, que são evidências fósseis do passado da Terra.
“Essa expedição vai responder muitas questões sobre Zelândia”, disse o geocientista Gerald Dickens, da Universidade Rice, nos Estados Unidos, e um dos chefes da expedição. “Há cerca de 100 milhões de anos, a Antártida, Austrália e Zelândia eram um único continente. Por volta de 85 milhões de anos atrás, Zelândia se separou e, por um período, o fundo do mar entre ela e a Austrália era separado por uma cordilheira. O que queremos entender é por que e quando essas etapas ocorreram.”
Segundo os especialistas, um continente submerso e ainda não fragmentado pode trazer novas revelações sobre a história da Terra e sua evolução.