Vênus é mais vulcanicamente ativo do que se acreditava, sugere estudo
Dados coletados no início da década de 1990 apontam que atividade é maior do que a prevista anteriormente
A atividade vulcânica é um elemento importante para a formação de Vênus. Responsável por moldar toda a superfície do planeta, ela também permitiu a criação de uma densa atmosfera que confere sua cor característica. Agora, uma descoberta renova esse conhecimento. De acordo com um artigo publicado nesta segunda-feira, 27, o vulcanismo continua moldando o planeta rochoso – e numa intensidade maior ainda do que se acreditava.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade d’Annunzio, na Itália, analisaram dados da sonda Magalhães, um radar que orbitou o planeta entre 1990 e 1992. Essa investigação revelou que duas áreas na região oriental do planeta, identificadas como Sif Mons e Niobe Planitia, passaram por modificações durante esse período, o que seria explicado por atividade vulcânica.
“Sugerimos que estas mudanças sejam explicadas de forma mais razoável como evidência de novos fluxos de lava relacionados com atividades vulcânicas que ocorreram durante a missão de mapeamento da sonda Magalhães”, escrevem os autores, no artigo publicado na Nature Astronomy.
O que se sabia até agora?
Estudos anteriores já haviam sugerido que o vulcanismo permanece, mas devido a densidade atmosférica, isso só fora constatado indiretamente, através de variações na concentração de dióxido sulfúrico e fosfina. O estudo mais recente observou dados de radar, ferramenta que consegue observar através da nuvem de gases.
As investigações anteriores sugeriram que haveria cerca de 42 atividades vulcânicas, mas o trabalho mais recente aponta que essa frequência pode ser ainda maior. “Não só Vênus poderia ser muito mais vulcanicamente ativo do que se supunha anteriormente, mas sua atividade pode ser ser da mesma ordem de magnitude que a estimada para a Terra”, afirmam os autores.
O que foi esse radar?
A sonda Magalhães chegou em Vênus em 1990 e, antes de mergulhar na atmosfera tempestuosa, em 1994, conseguiu registrar dados de 98% da superfície rochosa, se tornando a primeira a atingir o feito. Desde lá, os dados coletados tem sido continuamente investigados, mas agora o desenvolvimento de novas tecnologias permitiu a analise mais aprofundada, revelando informações que antes estavam escondidas nos números.