Trump critica ‘inércia’ da Nasa e diz que americanos voltam à Lua em 2024
Programa espacial previa retorno de humanos ao solo lunar em 2028, mas presidente afirmou que prazo será antecipado em quatro anos
A administração de Donald Trump anunciou nesta terça-feira que antecipará o regresso dos astronautas americanos à Lua de 2028 para 2024, após criticar a “inércia burocrática” da Nasa.
Em um duro discurso contra a Agência Espacial, em Rocket City, Huntsville (Alabama), onde são construídos os foguetes dos EUA, o vice-presidente Mike Pence declarou que “por ordem do presidente, a política oficial deste governo e dos Estados Unidos é devolver os astronautas americanos à lua em cinco anos”.
“A primeira mulher e o próximo homem na Lua serão astronautas americanos, lançados por foguetes americanos, de solo americano”, enfatizou.
A data até agora marcada para um retorno ao satélite natural da Terra foi 2028, mas o governo deTrump está frustrado com os atrasos e excessos orçamentários do programa da Nasa para construir seu próximo grande foguete SLS, cujo primeiro voo foi reprogramado recentemente para 2021.
Durante seu discurso, Pence criticou a “inércia burocrática” da Nasa e pediu que ela “renove seu entusiasmo”. Além disso, ele ameaçou confiar futuras missões a empresas privadas se a Nasa não estivesse pronta a tempo.
“Se os foguetes privados são a única maneira de trazer os astronautas americanos de volta à lua em cinco anos, eles irão em foguetes privados”, disse ele.
O diretor da Nasa, Jim Bridenstine, disse recentemente que provavelmente seria uma mulher a próxima a andar no chão da lua, que nenhum humano pisou desde 1972.
Trump prometeu tirar a Nasa da letargia na qual entrou após o fim do programa de ônibus espaciais, em 2011, e em 2017 fixou o objetivo de regresso à Lua como primeira etapa da exploração humana de Marte.
A Agência finalmente estabeleceu um programa de envio de robôs e instrumentos, antes do retorno de um humano à Lua, em 2028.
“Não é suficiente, somos melhores que isto. Levamos oito anos para chegar à Lua da primeira vez, há 50 anos, quando nunca havíamos feito isto. Não podemos levar onze anos para voltar”, declarou Pence.
Pence comparou Trump com John F. Kennedy, dois “sonhadores”, e retomou o discurso da Guerra Fria, substituindo a URSS pela China como o grande rival no espaço.
“Estamos envolvidos em uma corrida espacial como na década de 1960, e o que está em jogo é mais importante”, declarou Pence, recordando que a China conseguiu pousar um robô no lado oculto da Lua, “revelando sua ambição de aproveitar a vantagem lunar”.
Pence criticou especialmente os atrasos e os bilhões de dólares do orçamento destinados ao foguete SLS, encomendado à Boeing e cujo primeiro voo (não tripulado) estava programado para 2020, mas que não ficará pronto no prazo.
“Se as empresas contratadas atualmente não conseguirem atingir nosso objetivo, encontraremos outros que consigam. Se os foguetes privados são a única maneira de levar os astronautas à Lua em cinco anos, então serão os foguetes privados”.
Pence não citou a SpaceX ou outras empresas que desenvolvem foguetes privados, mas a referência foi clara. Atualmente, a SpaceX tem foguetes capazes de levar cargas pesadas ao espaço.
“Pediremos à Nasa que não apenas mude sua política, mas que também adote uma nova mentalidade”.
“A Nasa deve se transformar para se tornar uma organização mais leve, ágil e responsável. Se a Nasa não for capaz de enviar astronautas à Lua em cinco anos, devemos mudar a organização e não a missão”.
“Mensagem perfeitamente recebida”, respondeu Bridenstine, garantindo que o SLS estará pronto em 2020.
(Com AFP)