Nos Estados Unidos, os médicos de um hospital em Rhode Island se assustaram quando, ao tirar sangue de uma jovem de 25 anos, notaram, em vez do típico vermelho, uma coloração azul-marinha. Um artigo publicado no último dia 19 no periódico científico New England Journal of Medicine contou toda a história.
A mulher chegou ao hospital cianótica (ou seja, com uma pele e unhas levemente azuladas) e se queixando de fraqueza. O diagnóstico foi de metemoglobinemia adquirida, doença sanguínea rara na qual o indivíduo produz uma quantidade excessiva de uma substância chamada metemoglobina, um tipo de hemoglobina (proteína que carrega o oxigênio pelo sangue e responsável por torná-lo vermelho).
Diferentemente da hemoglobina comum, no entanto, a metemoglobina não consegue transportar oxigênio para os tecidos do corpo de forma eficiente. Mal oxigenado, o corpo — e o sangue — torna-se azul.
A doença foi causada por um medicamento consumido pela moça, algum tempo antes do aparecimento do sintoma, para tratar uma dor de dente. O composto possuía benzocaína, um anestésico comum que pode levar à metemoglobinemia . Ao aplicar muito mais da substância do que o recomendado, a mulher ocasionou sua própria condição.
Os médicos prescreveram um antídoto para a paciente, que voltou a se sentir bem depois de apenas alguns minutos. De acordo com os doutores, é importante notar os efeitos colaterais da benzocaína, muito utilizada, mas de consequências perigosas e pouco conhecidas pela população leiga.