Cientistas descobriram um fóssil de barata com quase 300 milhões de anos em Mafra, Santa Catarina, que pode ajudar a compreender qual o papel que o inseto ainda tem na natureza. O exemplar é o mais completo da Era Paleozoica (entre 542 milhões de anos e 245 milhões de anos atrás) já visto na América do Sul.
O grupo de pesquisadores – três brasileiros e um alemão – encontrou dezoito fósseis da espécie Anthracoblattina mendesi nos últimos 20 anos – um deles revela de maneira inédita todo o corpo do ancestral barata. O estudo que descreve os exemplares foi publicado na edição atual da Revista Brasileira de Paleontologia.
Barata pré-histórica
De acordo com o estudo, as antigas baratas voavam perto de regiões com água. Assim, elas eventualmente afundavam na lama e deixavam marcas. Esses “rabiscos” foram preservados pela matéria orgânica acumulada transformada em rocha após milhões de anos. Eles descrevem como eram as antenas, patas, asas e outras partes do corpo do animal.
Usando técnicas de fotografia microscópia para analisar os exemplares, os cientistas descobriram que a espécie era uma excelente corredora (o que os cientistas chamam de “espécies cursoriais”), exatamente como as baratas atuais. Ela media de 5 a 7 centímetros de comprimento, tinha grandes olhos e mandíbulas largas e avantajadas.
“Os primeiros animais vertebrados voadores só surgiram milhões de anos depois, no Período Triássico da Era Mesozóica, há cerca de 250 milhões de anos. Em geral, estas baratas da Era Paleozoica eram basicamente iguais às atuais – mas ainda não sabemos por que ou como evoluíram tão rapidamente”, disse o antropólogo João Ricetti, da Universidade do Contestado (UnC), em nota oficial.
Segundo a equipe de cientistas, o estudo reconstrói não apenas a morfologia desses animais, mas de todo o ambiente do Paleozoico. Com o apoio de descobertas de outros insetos, em diversas partes do mundo, os pesquisadores poderão revelar, por fim, qual a função que o animal tinha e ainda tem na natureza.