Richard Branson: o bilionário e seu brinquedo
O britânico flutuou por alguns minutos em ambiente sem gravidade e viu a Terra a 86 quilômetros de altitude, inaugurando assim a era do turismo espacial
Viajar ao espaço é coisa para astronautas — pilotos com milhares de horas de voo e mestrado em engenharia. Ao menos assim costumava ser. Na manhã de domingo 11, sem receber treinamento especial, o bilionário britânico Richard Branson flutuou por alguns minutos em ambiente sem gravidade e viu a Terra a 86 quilômetros de altitude, inaugurando assim a era do turismo espacial. Branson, dono do conglomerado Virgin, que agrega múltiplas empresas de transportes, entretenimento e serviços, viajou na companhia de dois pilotos e mais três especialistas a bordo da nave Unity, que se assemelha a um ônibus espacial. Por não ser um foguete, a Unity gasta menos combustível, mas precisa ser levada aos céus por uma aeronave auxiliar antes de disparar rumo ao espaço, onde paira por um tempo, até retornar planando à pista de onde partiu. O voo suborbital — assim chamado porque a nave não fica em órbita — foi transmitido ao vivo e galvanizou a atenção do mundo, como queria Branson, movido a adrenalina e propaganda. Um de seus concorrentes, Jeff Bezos, fundador da Amazon, pretende realizar um feito ainda mais extravagante no dia 20, subindo a 100 quilômetros de altitude no foguete de sua empresa, a Blue Origin. A partir de 2022, a Virgin receberá os primeiros passageiros que pagaram até 250 000 dólares por viagem. Na Blue Origin, o valor pode ser 100 vezes maior: um único assento para o voo da próxima terça-feira foi arrematado em leilão por 28 milhões de dólares — cifra verdadeiramente estratosférica.
Publicado em VEJA de 21 de julho de 2021, edição nº 2747