Em 1898, dois leões de Tsavo, no Quênia, atacaram um acampamento de trabalhadores ferroviários e causaram dezenas de mortes. Décadas depois, pesquisadores quenianos e estadunidenses analisaram os dentes dos leões e encontraram fragmentos de cabelo humano, confirmando que esses predadores incluíam pessoas em sua dieta. A análise de DNA mitocondrial revelou que os leões eram irmãos e caçavam presas diversas, como gnus e zebras, o que indica que a escassez de gado na região pode ter influenciado a preferência por carne humana devido à facilidade de captura e mastigação.
Além de atacar humanos, os leões de Tsavo consumiam presas como gnus e zebras, conforme revelado pelo estudo, publicado na revista Current Biology. Curiosamente, a dieta não incluía búfalos, normalmente preferidos pelos leões da região. A razão pode ter sido uma epidemia de Rinderpest (doença viral altamente contagiosa), que devastou o gado local na época, obrigando os leões a buscar presas alternativas.
Os cientistas também notaram que o estudo dos fragmentos de DNA, extraídos cuidadosamente dos dentes dos leões, permitiu analisar as presas consumidas ao longo do tempo, quase como se os restos preservados contassem uma história sobre a alimentação desses animais. Esse método, semelhante ao estudo de camadas geológicas, revelou adaptações dos leões às mudanças de ambiente, incluindo a redução de presas devido a doenças e a preferência por humanos como uma opção mais fácil. “Conseguimos até obter DNA de fragmentos menores que a unha do dedo mínimo”,afirmou Alida Flamingh, pesquisadora da Universidade de Illinois Urbana-Campaing e autora principal do estudo.
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