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Pesquisa descobre causa da extinção do maior primata que já viveu na Terra

Parente dos orangotangos tinha até 3 metros de altura e viveu entre 2 milhões e 300 mil anos atrás

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 16h29 - Publicado em 10 jan 2024, 13h00
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  • Com honrosas exceções, a fauna e a flora que dominavam a Terra no passado eram bem diferentes das que dominam o planeta hoje em dia. Um dos animais que habitavam o planeta no passado, parente dos carismáticos orangotangos, foi o maior primata que passou por aqui. Embora seja bem conhecido pelos pesquisadores, o motivo da sua extinção era um incógnita — até agora. Um estudo publicado nesta quarta-feira, 10, revela que esses animais desapareceram do planeta muito antes do que se imaginava e explica o porquê.

    Conhecidos cientificamente como Gigantopithecus blacki, o primata chegava a surpreendentes 3 metros de altura e podia pesar até 300 quilos – a critério de comparação, os gorilas, maior espécie de macacos contemporâneos, não passam dos 2 metros de altura e dos 250 quilos. O gigante ocupou as planícies de Karst, na China, há dois milhões de ano, mas desapareceu sem muitas explicação. O estudo publicado, agora, na Nature, resolve essa questão: de acordo com os pesquisadores, a extinção ocorreu entre 295 e 215 milhões de anos e foi causada por uma dificuldade de adaptação a mudanças climáticas.

    Que mudanças foram essas e como os cientistas descobriram?

    Para resolver essa incógnita os pesquisadores utilizaram a datação e análise de fósseis e materiais ambientais. Atualmente existem quatro maxilares e cerca 2 mil dentes que pertenceram a esses animais, em posse dos pesquisadores. Eles utilizaram diversas técnicas, entre fluorescência e radioisótopo, que permitiram avaliar a idade dos registros biológicos do gigante e as características do ambiente que ocupou.

    Os fósseis foram encontrados em 22 cavernas da província de Guangxi, na China e tem sido estudados exaustivamente. “O Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrado da Academia Chinesa de Ciências (IVVP) tem escavado evidências de G. blacki nesta região há mais de 10 anos, mas sem uma datação sólida ou uma análise ambiental consistente, a causa de sua extinção nos escapou”, afirma o paleontólogo e autor do artigo, Yingqui Zhang, em comunicado.

    CAVERNA - Restos do Gigante: Kira Westaway em um dos sítios arqueológicos, na China
    CAVERNA – Restos do Gigante: Kira Westaway em um dos sítios arqueológicos, na China (Kira Westaway/Macquarie University/Divulgação)
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    O que os resultados mais recentes mostram é que, há cerca de 2,3 milhões de anos, quando os G. blacki surgiram, as florestas eram densas, de alta cobertura e com grande disponibilidade de água. Os animais se adaptaram bem a essa ambiente, mas, há cerca de 700 mil anos, mudanças climáticas levaram a modificações nas vegetações, que se tornaram mais abertas, menos úmidas e consideravelmente sujeitas a variações sazonais.

    Enquanto algumas espécies de primatas, como os orangotangos, adaptaram seu tamanho, comportamento e habitat para sobrevier às mudanças, os gigantes mantiveram seus hábitos, sofrendo com a menor disponibilidade de alimentos e água. A mudança provocou grande estresse e uma redução na sua presença geográfica que culminou, posteriormente, na extinção.

    Qual a importância dessa descoberta?

    Os primeiros fósseis do gigante foram descobertos na década de 1930, mas ele só foi bem caracterizado em 2019. Até agora, no entanto, os pesquisadores não sabiam, com exatidão, quando ele viveu ou por que foi extinto, em especial se considerando a resistência das outras espécies de primatas. Agora, essa questão foi resolvida, completando uma peça a mais no quebra-cabeças que descreve a evolução dos vertebrados e dos macacos. “Explorar as razões das extinções passadas não resolvidas nos dá um bom ponto de partida para compreender a resiliência dos primatas e o destino de outros animais de grande porte, no passado e no futuro”, afirma o coautor, Kira Westaway.

    Essa, no entanto, não é única justificativa para o entusiasmo dos pesquisadores. “Com a ameaça de um sexto evento de extinção em massa pairando sobre nós, há uma necessidade urgente de compreender por que as espécies são extintas”, diz Westaway.

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