“Ter um sistema de unidades para todos os tempos e todas as pessoas.” Assim o físico alemão Stephan Schlamminger, do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologias dos Estados Unidos, resumiu, em entrevista a VEJA, o objetivo por trás do processo que, na segunda-feira 20, culminou na redefinição do quilograma. Desde 1889, um cilindro composto de uma mistura dos metais irídio e platina — conhecido como Le Grand K (O Grande K, em francês) — era a representação concreta do que seria 1 quilo (1 kg). Trancado em um cofre parisiense, o objeto recebia visitas frequentes de cientistas de todo o mundo, que, trazendo consigo seus padrões nacionais de medida de massa, os ajustavam de acordo com o célebre cilindro. Até que surgiu um inusitado problema: com o passar do tempo, o Le Grand K deixou de ter 1 quilo.
Em 1990 descobriu-se que o cilindro havia perdido 50 microgramas — a massa de um cílio — devido à deterioração. Para a ciência, era inaceitável: um 1 kg não tinha mais… 1 kg! Pesquisadores passaram a buscar uma solução para o caso. A ideia vitoriosa foi atrelar a medida a uma constante da natureza. Escolheu-se relacionar o quilo à quantidade de átomos. Em novembro, chegou-se à criação de uma simbólica esfera de silicone com o número de partículas que se queria. O novo quilo foi anunciado no dia em que também se reformularam o ampere (unidade de correntes elétricas), o kelvin (de temperatura) e o mol (quantidade de substâncias químicas em moléculas). Com o kg redefinido, quando você for se pesar na farmácia, em breve o resultado será mais preciso.
Publicado em VEJA de 29 de maio de 2019, edição nº 2636
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