Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O fungo assassino

Estudo revela que microrganismo descoberto nos anos 90 é o mais letal de que já se teve notícia — e foi responsável pela dizimação de anfíbios em 60 países

Por Sabrina Brito Atualizado em 5 abr 2019, 07h00 - Publicado em 5 abr 2019, 07h00

Um mistério que assombrava a ciência desde a década de 70 — a drástica redução da população de sapos no planeta — foi enfim desvendado. Na sexta-feira 29, 41 pesquisadores de diversas nações publicaram um estudo na revista americana Science com a resposta para o fenômeno. Não, o culpado por mais esse dano ao meio ambiente não é o homem, nem suas atividades industriais, nem as mudanças climáticas que destroem hábitats e poluem os mares. Pelo menos desta vez o destruidor é, por assim dizer, “natural”. Trata-se de um fungo de nome impronunciável — o Batrachochytrium dendrobatidis. Ou, simplesmente, Bd.

(./.)

O Bd foi identificado ainda na década de 90 em sapos coletados na Austrália e no Panamá. Sabia-se, pela análise do microrganismo, que ele é letal para anfíbios. Ao provocar uma doença chamada quitridiomicose, o fungo invade células cutâneas, descamando a pele. Como os anfíbios realizam suas trocas gasosas com o ambiente por meio da pele, a interferência do Bd faz com que eles não consigam respirar, levando-os à morte.

Os cientistas não tinham, entretanto, noção do tamanho do estrago. Ao compilarem, de forma inédita, dados de anfíbios infectados em todo o mundo, os pesquisadores apresentaram na Science um levantamento completo da destruição. Ao todo, 501 espécies tiveram sua população reduzida em grande escala — cinquenta delas são nativas do Brasil. Além disso, a ação do fungo culminou na extinção de noventa espécies de anfíbio. O patógeno espalhou-se por sessenta países, com focos maiores no México e na América Central, atingindo países como Guatemala e El Salvador.

Continua após a publicidade

O impacto rendeu ao Bd o título de o patógeno mais letal de que se tem conhecimento. O caso foi classificado como o de maior perda ambiental causada por uma única doença. Devastador, o fungo faz lembrar o poder destruidor da própria natureza, a despeito do homem — a maioria dos grandes eventos de destruição em massa de seres vivos ocorridos na Terra está associada a mudanças naturais do ambiente. Em tempo: embora não nos ataque diretamente, ao dizimar anfíbios o Bd acaba afetando o homem. Os sapos, por exemplo, são fundamentais no controle de pragas na lavoura e de insetos que transmitem doenças.

Publicado em VEJA de 10 de abril de 2019, edição nº 2629

Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA
Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.