Depois de quase sete meses de viagem pelo espaço, 485 milhões de quilômetros percorridos e 850 milhões de dólares gastos, a sonda InSight, da Nasa, pousou na segunda-feira 26 na superfície de Marte. A missão foi repleta de percalços. A nave deveria ter sido lançada em março de 2016, mas a equipe detectou um vazamento na câmara de vácuo em torno dos sismômetros (aparelhos que detectam os movimentos do solo) e adiou a jornada para este ano. Apesar de os engenheiros terem conseguido consertar a falha, os planetas Terra e Marte ficam alinhados para esse tipo de viagem apenas uma vez a cada 26 meses e os ajustes não foram realizados em tempo hábil. Por isso, as condições não eram ideais para o pouso do robô. Na segunda-feira o clima era de apreensão na central de controle da Nasa em Pasadena, na Califórnia. A tensão permaneceu até a confirmação do sucesso da empreitada. Responsável pelo projeto, o engenheiro Tom Hoffman relatou, bem-humorado: “Os pelos do meu pescoço se arrepiaram. Quando finalmente recebemos o sinal positivo, a sala inteira enlouqueceu. A criança de 4 anos que tenho dentro de mim se libertou”. A expectativa tem história: quase metade (exatamente oito, do total de dezenove) de todas as missões enviadas a Marte falhou em tocar o solo do Planeta Vermelho. O Projeto Viking, de 1975, foi o primeiro a pousar na superfície marciana, depois de quatro anos de tentativas frustradas. Nos próximos dois anos, a InSight terá a gloriosa tarefa de medir atividades sísmicas, desenhar modelos em 3D da estrutura do subsolo e medir a temperatura local. Marte é sempre fascinante.
Publicado em VEJA de 5 de dezembro de 2018, edição nº 2611