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O Egito reabre a pirâmide de Djoser, a mais antiga de todas

Trata-se de gigante de pedra no Deserto do Saara que despertou nos faraós o gosto por tumbas monumentais

Por Ernesto Neves Atualizado em 4 jun 2024, 14h25 - Publicado em 20 mar 2020, 06h00

Falar em Egito antigo é falar nas pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, maravilhas que, ao lado da Esfinge, sobrevivem ao passar dos séculos na Necrópole de Guizé, nas cercanias do Cairo. Pois pertinho dali outro monumento excepcional acaba de ser reinaugurado. É a pirâmide de Djoser, a mais antiga de todas, erguida há 4 700 anos (oitenta antes da de Quéops), gigante de pedra com altura equivalente à de um prédio de vinte andares que passou quase vinte anos fechado para restauração depois de ter as estruturas abaladas por um terremoto. Foi exatamente Djoser, faraó da terceira dinastia, que deu partida na tradição de construir tumbas monumentais para abrigar os restos mortais da nobreza, até então acomodados em túmulos simples, de barro. Os que vieram depois dele empenharam-­se em uma competição para ver quem erguia a pirâmide mais… bem, mais faraônica, fazendo brotar no deserto os colossos arquitetônicos que se tornariam a imagem da civilização egípcia na Antiguidade.

Os trabalhos de restauração da pirâmide de Djoser levaram catorze longos anos e consumiram quase 7 milhões de dólares. Antes de chegar à tumba do faraó, instalada em uma estrutura subterrânea, foi preciso restaurar o interior de pedra da pirâmide, um vão de 60 metros de altura que corria o risco de desmoronar. Nessa fase, técnicos britânicos apelaram para um método controvertido: escoraram as paredes com enormes balões inflados de ar e cheios de água, sob pressão controlada e adaptada a cada segmento da obra. Arquitetos, engenheiros e a própria Unesco, divisão da ONU que cuida do patrimônio histórico, criticaram a solução encontrada, lembrando o efeito desastroso de um eventual vazamento em paredes protegidas de toda e qualquer umidade há 45 séculos. No entanto, o procedimento deu certo, e os operários puderam rejuntar as pedras com a ajuda de uma centena de hastes de aço devidamente disfarçadas e invisíveis.

Postada entre as dunas do Deserto do Saara, a pirâmide de Djoser fica nos arredores da cidade de Mênfis, capital do antigo império egípcio, e faz parte de outra necrópole, a de Sakkara, projetada por Imhotep, vizir do faraó que entrou para a história como o primeiro arquiteto de que se tem conhecimento. É o mais antigo edifício de grande porte feito de pedra — são 311 000 metros cúbicos de blocos sólidos —, em vez da mistura de madeira, barro e junco usada até então. Sua característica mais marcante são os seis degraus externos, compondo uma escadaria que, simbolicamente, alçaria Djoser ao outro mundo. Cinco quilômetros de corredores repletos de portas falsas, nichos e becos sem saída levam ao subsolo, onde, em uma cavidade de 28 metros de profundidade, repousava a múmia do faraó. Dotada de iluminação especial, essa tumba colossal é feita de 3 toneladas de granito. Infelizmente, pouco sobrou da decoração e dos objetos originais — sarcófago, múmia e praticamente tudo o que foi colocado na pirâmide para facilitar a passagem do faraó para a outra vida foram roubados logo após sua abertura, nos anos 1930. “Essa era uma pirâmide reverenciada já na Antiguidade. O primeiro restauro, para a instalação de vigas de madeira, ocorreu há 2 700 anos”, diz Ayman Gamal Edin, responsável pelo projeto no Ministério de Antiguidades egípcio.

A reabertura da pirâmide de Djoser faz parte do esforço do governo egípcio para recuperar a indústria do turismo, vital para a economia e muito afetada por um longo período de insegurança e instabilidade política. O carro-chefe da empreitada é o Grande Museu Egípcio, construído ao custo de 1 bilhão de dólares para abrigar o maior acervo arqueológico do planeta e que tem inauguração prevista para dezembro deste ano. Logo na entrada, os visitantes vão deparar com uma monumental estátua de Ramsés II. Entre as peças em exibição está a maior coleção já reunida de relíquias do faraó Tutancâmon. São esperados 5 milhões de visitantes por ano — evidentemente, quando a pandemia de coronavírus estiver controlada e os turistas tiverem voltado a pôr o pé na estrada.

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Publicado em VEJA de 25 de março de 2020, edição nº 2679

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