Nova espécie de inseto é a mais pesada já encontrada na Austrália; veja imagens
Com 44 gramas e 40 centímetros de comprimento, o bicho-pau vive no alto das florestas tropicais e passou despercebido pela ciência até agora

Pesquisadores australianos identificaram uma nova espécie de bicho-pau nas florestas tropicais do extremo norte de Queensland. Nomeada Acrophylla alta, a espécie chama atenção não pelo comprimento — cerca de 40 centímetros —, mas pelo peso: 44 gramas, o que a torna o inseto mais pesado já registrado na Austrália.
Até então, o título pertencia à barata-de-toca-gigante (Macropanesthia rhinoceros), que atinge até 35 gramas. O novo bicho-pau, encontrado na região montanhosa de Atherton Tablelands, representa um feito importante para a entomologia australiana. A descoberta foi publicada na revista científica Zootaxa.
Por que ele passou tanto tempo sem ser descoberto?
O principal motivo é o habitat em que vive: florestas de alta altitude com vegetação densa, a mais de 900 metros acima do nível do mar. A espécie habita a copa das árvores, o que dificulta sua observação direta. Um dos primeiros indícios veio após moradores enviarem fotos suspeitas a pesquisadores. Em expedições subsequentes, os cientistas conseguiram encontrar duas fêmeas — uma delas, inclusive, apareceu no quintal de uma casa na região.
Esses poucos encontros mostram o quão raro é observar esse animal. Segundo os pesquisadores, só eventos como tempestades ou a ação de aves podem derrubar os insetos da copa e torná-los visíveis.
O que explica o peso fora do comum?
Apesar de não ser o mais longo do país, o Acrophylla alta tem um corpo robusto. Os cientistas acreditam que essa estrutura corporal seja uma adaptação evolutiva ao clima frio e úmido das florestas tropicais de altitude. Em ambientes de baixa temperatura, uma maior massa corporal pode ser vantajosa para a sobrevivência.
Esse padrão se diferencia de outros bichos-pau encontrados na Austrália, que geralmente são leves e mais esguios. O exemplar que pesava 44 gramas foi fotografado e depois solto de volta na natureza.
O que falta saber sobre a nova espécie?
Até o momento, apenas fêmeas foram localizadas. A ausência de um exemplar macho dificulta a descrição completa da espécie e levanta hipóteses sobre seu comportamento reprodutivo e dimorfismo sexual. Em algumas espécies de bicho-pau, machos e fêmeas podem ser tão diferentes entre si que chegam a ser confundidos com gêneros distintos.
Dois exemplares já foram incorporados à coleção do Museu de Queensland para futuras pesquisas. Os cientistas também analisaram os ovos da fêmea capturada, já que cada espécie de bicho-pau tem padrões únicos de forma, textura e superfície, o que ajudou na confirmação da descoberta.
Por que essa descoberta importa?
A identificação do Acrophylla alta reforça o quanto a biodiversidade das florestas tropicais australianas ainda é pouco conhecida. Estima-se que cerca de 70% das espécies de insetos do país ainda não foram descritas pela ciência, o que significa que há uma grande lacuna no entendimento dos ecossistemas locais.
Os pesquisadores alertam que não é possível conservar o que ainda não se conhece. Descobertas como essa ajudam a mapear espécies raras e avaliar possíveis ameaças, como a presença de espécies invasoras e a destruição de habitats. No caso do Acrophylla alta, saber onde ele vive e qual é seu papel na natureza pode ser o primeiro passo para garantir sua proteção.