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Nasa revela novas imagens do cosmos feitas pelo Telescópio James Webb

Agência espacial americana divulgou restante dos registros da sonda de 10 bilhões de dólares

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 jul 2022, 13h30 - Publicado em 12 jul 2022, 12h06
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  • Um dia depois de revelar, na Casa Branca, a primeira imagem do cosmos feita pelo Telescópio Espacial James Webb, a Nasa mostrou nesta terça-feira, 12, o restante dos registros da sonda de 10 bilhões de dólares. Além do aglomerado SMACS 0723, que reúne milhares de galáxias, a agência espacial americana agora tornou públicas as imagens da Nebulosa Carina, WASP-96 b, Nebulosa do Anel Sul e Quinteto de Stephan. As agências espaciais europeia e canadense estão envolvidas no projeto.

    Com apenas uma exceção, as quatro fotos restantes mostraram partes do universo já vistas por outros telescópios. Mas o uso dos potentes instrumentos do James Webb, que fazem uma leitura dos alvos por meio do espectro de luz infravermelha, os mostraram sob uma nova perspectiva. “Cada imagem é uma nova descoberta e cada uma dará à humanidade uma visão inédita”, disse o administrador da Nasa, Bill Nelson, no evento.

    As imagens foram divulgadas uma a uma, em um evento no Centro Espacial Goddard da Nasa, em Maryland, nos Estados Unidos, que incluiu líderes de torcida com pompons da cor dos espelhos dourados do telescópio. A  primeira fotografia, do aglomerado SMACS 0723, foi uma repetição da prévia na Casa Branca. É um retrato de como apareceu há 4,6 bilhões de anos, com muitos mais detalhes. Muito mais sobre esse conjunto será revelado à medida que os pesquisadores começarem a se aprofundar nos dados.

    Primeira imagem em alta definição do universo feita pelo Telescópio Espacial James Webb e divulgada pela Casa Branca
    Primeira imagem em alta definição do universo feita pelo Telescópio Espacial James Webb e divulgada pela Casa Branca – (James Webb Telescope/ Nasa/Divulgação)

    Depois, veio não uma imagem, mas uma leitura espectroscópica do planeta azulado chamado WASP-96b. O supertelescópio capturou a assinatura distinta da água, mais evidências de nuvens e neblina, na atmosfera ao redor do gigante gasoso quente orbitando uma estrela parecida com o Sol. A observação é a mais detalhada de seu tipo até hoje, demonstrando a capacidade sem precedentes do Webb de analisar atmosferas a centenas de anos-luz de distância.

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    A assinatura da água no gigante planeta gasoso WASP 96-b, que orbita uma estrela a 1.150 anos-luz de distância
    A assinatura da água no gigante planeta gasoso WASP 96-b, que orbita uma estrela a 1.150 anos-luz de distância – (Telescópio James Webb/ Nasa/Divulgação)

    Em seguida, foram reveladas  imagens da nebulosa planetária do Anel Sul, mostrando uma estrela moribunda envolta por poeira e camadas de luz. Duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem mais recente desta nebulosa planetária, catalogada como NGC 3132. Está a aproximadamente 2.500 anos-luz de distância.

    Duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem mais recente desta nebulosa planetária, catalogada como NGC 3132, e conhecida informalmente como Nebulosa do Anel Sul. Está a aproximadamente 2.500 anos-luz de distância
    Duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem mais recente desta nebulosa planetária, catalogada como NGC 3132, e conhecida informalmente como Nebulosa do Anel Sul. Está a aproximadamente 2.500 anos-luz de distância – (Telescópio James Webb/ Nasa/Divulgação)
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    Na sequência, foi exibida uma imagem do Quinteto de Stephan, um agrupamento visual de cinco galáxias, a maior feita pelo Webb até hoje. Com sua poderosa visão infravermelha e resolução espacial extremamente alta, mostra detalhes nunca antes vistos neste grupo de galáxias, como caudas de gás, poeira e estrelas estão sendo puxadas de várias galáxias devido a interações gravitacionais.

    O Quinteto de Stephan, um agrupamento visual de cinco galáxias
    O Quinteto de Stephan, um agrupamento visual de cinco galáxias (Telescópio James Webb/ Nasa/Divulgação)

    Por fim, a imagem que ilustra esta reportagem, no alto, é de uma região da Nebulosa Carina. Esta paisagem de “montanhas” e “vales” salpicados de estrelas brilhantes é na verdade a borda de uma região jovem e próxima de formação de estrelas chamada NGC 3324. Segundo a Nasa, esta imagem revela pela primeira vez áreas previamente invisíveis de nascimento de estrelas.

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    O supertelescópio espacial foi lançado em dezembro do ano passado da Guiana Francesa, na América do Sul. Em janeiro, ele chegou ao que os astrônomos chamam de segundo ponto da órbita Lagrange ou simplesmente L2, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra. Então, começou o longo processo de alinhar os espelhos, resfriar os detectores infravermelhos e calibrar os instrumentos científicos, todos protegidos por um guarda-sol do tamanho de uma quadra de tênis que mantém a sua temperatura estável.

    A ideia é usar o Webb para tentar enxergar mais longe no espaço-tempo, como se estivéssemos dirigindo em uma estrada e ao mesmo tempo olhando pelo retrovisor. As imagens mostram com mais nitidez e foco luzes de galáxias que foram formadas logo após o Biga Bang, a grande explosão que iniciou o universo há 13,7 bilhões de anos. E com mais precisão ainda objetos cósmicos mais próximos, até mesmo do nosso sistema solar. Cientistas disseram que em algum lugar na imagem do SMACS 0723 está a galáxia mais antiga que a humanidade já viu, provavelmente de 500 milhões ou 600 milhões de anos após o Big Bang.

    O Webb é considerado o sucessor do Telescópio Espacial Hubble, que conseguiu olhar para trás há 13,4 bilhões de anos. Ele encontrou a assinatura da onda de luz de uma galáxia extremamente brilhante em 2016. Os astrônomos medem o quão longe eles parecem em anos-luz, que equivale a 9,3 trilhões de quilômetros.

    Equipado com um espelho em forma de flor de 6,4 metros banhado a ouro, o Webb é composto por 18 segmentos, um dos quais foi atingido por um micrometeorito maior do que se esperava em maio. Apesar dos impactos, o telescópio continuou a superar as expectativas da missão, com quase nenhuma perda de dados, de acordo com a Nasa.

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