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Mudanças climáticas contribuíram para calor extremo, diz estudo

Grupo multinacional de cientistas mostra que El Niño teve papel minoritário na influência dos picos de temperatura

Por Da Redação Atualizado em 10 out 2023, 14h54 - Publicado em 10 out 2023, 13h15

O que vem antes da onda de calor, El Niño ou as mudanças climáticas? Para um grupo multinacional de cientistas, a resposta é a segunda opção. Por mais que o fenômeno climático tenha contribuído com os extremos de temperatura registrados na região central do Brasil, foram as transformações no clima de longo prazo e promovidas pelo ser humano que influenciaram nesses picos dos termômetros. O estudo foi divulgado nesta terça-feira, 10, pela iniciativa World Weather Attribution.

Assinada por 12 autores, incluindo pesquisadores brasileiros, europeus e norte-americanos, a pesquisa mostra que a onda de calor do início da primavera ocorreu devido à mudança do clima causada pela ação humana. “O fenômeno El Niño pode ter contribuído com algum calor, mas sem a mudança do clima, a onda de calor da primavera não seria tão intensa”, afirma em nota Lincoln Alves, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A análise abarcou o período de 17 a 26 de setembro, no qual uma grande massa de ar quente prevaleceu nas regiões sudeste e centro-norte do país. O pico de calor foi registrado em 25 de setembro, com anomalias de temperatura 7 graus Celsius acima da média para o período, como foi registrado no sul da Bahia, leste de Goiás e Mato Grosso do Sul, e norte do Paraná. Além disso, um domo de calor se instalou entre o Paraguai e o meio-este e sudeste do Brasil.

Com ajuda de três bases de dados e de multi-modelos climáticos, os pesquisadores analisaram a onda de calor em uma área territorial que abrange, além do Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina. Eles também analisaram os dados sobre temperaturas máximas em São Paulo entre 1961 e 2023 a partir de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Os pesquisadores calcularam o período de retorno, mudança na intensidade e razão de probabilidade entre 2023 e um clima com 1,2°C mais frio, ou seja, sem o aquecimento global antropogênico. De acordo com o estudo, todos os três conjuntos de dados mostram um claro aumento na frequência e intensidade de eventos quentes.

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Para a análise, os pesquisadores selecionaram o período de retorno de 30 anos. Os dados indicaram que a intensidade, ou magnitude, de um evento de 10 dias que aconteceu em 2023 teria sido muito menor no passado. Além disso, eles calcularam que o evento de calor foi aproximadamente um evento de 1 em 30 anos no clima de hoje, ou seja, considerando o aquecimento global.

Com o aquecimento global, a perspectiva é de que ondas de calor se tornarão ainda mais comuns e com extremos de temperatura cada vez maiores. A temperaturas médias globais de 2°C acima dos níveis pré-industriais, um evento de calor como este será cerca de cinco vezes mais provável e 1,1 a 1,6 °C mais quente do que hoje.

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