Um novo estudo analisou o comportamento do mosquito Anopheles gambiae, principal transmissor da malária na África, e descobriu que sua capacidade de detectar o odor dos humanos é maior à noite. Típica de países tropicais e subtropicais, a doença ocorre principalmente no continente africano, onde se concentram 90% das mortes pela doença. Ela também está presente na Ásia e nas Américas. No Brasil, a malária é mais comum na Amazônia. A descoberta sobre os hábitos do mosquito pode ajudar no desenvolvimento de métodos de controle, a fim de evitar a propagação da doença.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Daily rhythms in antennal protein and olfactory sensitivity in the malaria mosquito Anopheles gambiae
Onde foi divulgada: periódico Nature Scientific Reports
Quem fez: Samuel S. C. Rund, Nicolle A. Bonar, Matthew M. Champion, John P. Ghazi, Cameron M. Houk, Matthew T. Leming, Zainulabeuddin Syed e Giles E. Duffield
Instituição: Universidade de Notre Dame, EUA
Resultado: As proteínas relacionadas ao olfato, presentes nas antenas e na boca do mosquito Anopheles gambiae, transmissor da malária, são mais presentes à noite, quanto o inseto é mais propenso a picar seres humanos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2010, a malária causou 660.000 mortes em todo o mundo. A doença é transmitida pela fêmea do mosquito do gênero Anopheles. No Brasil, o principal parasita que causa a malária é o Plasmodium vivax. Ele é menos perigoso do que o Plasmodium falciparum, por exemplo, o mais predominante na África.
Pesquisadores da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, analisaram o papel das proteínas relacionadas à regulação da ‘sensibilidade olfativa’ do mosquito. Essas proteínas, que se localizam nas antenas e na boca do inseto, concentram as moléculas de odor e ajudam em seu transporte para os ‘receptores olfativos’, que detectam diferentes cheiros.
Leia também:
Vacina contra malária que “imita” picada de mosquito se mostra promissora
Vacina japonesa reduz em 72% o risco de malária
Hábitos noturnos – O estudo analisou a quantidade dessas proteínas presente nos órgãos sensoriais do mosquito durante as 24 horas do dia, e as respostas provocadas por odores do hospedeiro. Os resultados mostraram que os momentos em que o inseto apresentava maior concentração de proteínas e, consequentemente, maior sensibilidade olfativa, corresponderam aos períodos em que ele picava mais os humanos: à noite.
“Durante o dia, o mosquito está dormindo e não precisa ‘sentir o cheiro’ do hospedeiro. Mas quando o Sol se põe, o sistema olfativo se torna extrassensível, e é quando ela [a fêmea] está pronta para sentir odores e picar”, diz Samuel Rund, um dos autores do estudo, publicado na última quinta-feira, no periódico Nature Scientific Reports.
A pesquisa, que relata pela primeira vez os hábitos diários do Anopheles gambiae, pode impactar nos métodos de controle do mosquito, a fim de evitar a transmissão da malária.
Saiba mais
MALÁRIA
Doença causada pela infecção dos glóbulos vermelhos humanos por quatro espécies do parasita unicelular Plasmodium: Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium malarie e Plasmodium falciparum. Até 500 milhões de pessoas podem estar infectadas atualmente no mundo, causando a morte de pelo menos 1 milhão de pessoas anualmente.
CICLO DE VIDA DO PARASITA
A fêmea de um mosquito do gênero Anopheles pica um indivíduo com malária, extraindo o sangue infectado. Dentro do inseto, o parasita se multiplica e migra para as glândulas salivares. Ao picar outra pessoa, o mosquito injeta o Plasmodium com a saliva. Dentro do corpo humano, o parasita se instala no fígado para se multiplicar. Parasitas maduros são lançados no sangue, atacando glóbulos vermelhos.