Mistério da baleia no meio do mato pode não ser tão misterioso assim
Bióloga explica que jubarte deve ter sido levada para a área – que é um manguezal e fica perto da praia – pela forte maré registrada na Ilha de Marajó
A foto de uma baleia jubarte morta no meio de uma região de mata no Pará intrigou internautas nos últimos dias. Como o animal de 8 metros de comprimento poderia ter ido parar ali? Para especialistas, porém, o caso não é assim tão misterioso.
A baleia, um macho com idade estimada em 1 ano, foi encontrada morta na sexta-feira 22, na Ilha de Marajó. Apesar de as imagens divulgadas nas redes sociais darem a impressão de que o animal está em uma região de mata densa, a área é um manguezal, que fica a no máximo 15 metros de distância da Praia do Araruna, na cidade de Soure.
Biólogos acreditam que a jubarte foi levada já morta até o local pela forte maré registrada na ilha durante a semana passada – a maior do ano, segundo a prefeitura. “As macro marés comuns na costa Norte do Brasil tornam compreensível que uma carcaça vá parar dentro do manguezal”, explicou a oceanógrafa Maura Elisabeth Moraes de Sousa, do Instituto Bicho D’Água, ONG de conservação marinha da região.
Maura afirma que o animal provavelmente se perdeu do seu grupo e encalhou. “É um filhotão que deve ter tentado fazer sua primeira migração e por algum motivo não conseguiu, deve ter se perdido e já chegou ali morto”, disse.
A ocorrência de baleias da espécie na Ilha de Marajó é considerada rara. As pesquisas com jubartes no país reconhecem populações do mamífero circulando entre a Antártida e o arquipélago de Abrolhos, no litoral da Bahia. No norte do país, elas não costumam ser avistadas. “Nossa plataforma continental é muito extensa por causa da influência do Rio Amazonas. A área rasa é longa, o mar aberto fica muito longe, e por isso elas não são comuns por aqui”, diz a oceanógrafa.
A pesquisadora citou outros dois casos de encalhe de jubartes na Região Norte – um em 2018, no Amapá, e outro em 2009, em Quatipiru, no Pará.
Resgate
Pesquisadores do Instituto Bicho D’Água e do Museu Paraense Emílio Goeldi fizeram coletas para descobrir a causa da morte do animal. A questão agora é saber como remover a baleia do local, onde vivem pescadores. “Estamos pensando em usar búfalos para puxar a baleia”, diz Darlene Silva, secretária do Meio Ambiente de Soure.
(Com Estadão Conteúdo)