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Mais da metade dos primatas corre risco de extinção, diz estudo

Levantamento divulgado nesta terça-feira mostra que, das 504 espécies de primatas conhecidas, 60% corre risco de desaparecer se ações não forem tomadas

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h36 - Publicado em 19 jan 2017, 13h42

Mais da metade das espécies de primatas conhecidas está ameaçada de extinção, segundo um levantamento divulgado nesta quarta-feira na revista Science Advances. Os cientistas afirmam que o principal motivo do desaparecimento desses animais está ligado a ações humanas, como a caça, o comércio ilegal e a exploração das florestas tropicais para a agricultura. O Brasil é um dos quatro países em que a maior parte dos primatas se concentra — animais como o mico-leão-dourado e o mico-leão-preto são algumas das espécies ameaçadas.

“Alarmantemente, cerca de 60% das espécies de primatas estão ameaçadas de extinção e por volta de 75% têm populações em declínio”, escrevem os autores. Do total de 504 espécies já registradas, o levantamento lança a dúvida sobre o futuro de 300 delas, incluindo gorilas, macacos, gibões, lêmures, lóris e outros. De acordo com o estudo, a extinção desses animais teria um efeito direto para os humanos, já que primatas sustentam o equilíbrio dos ecossistemas espalhando sementes e atuando como presas e predadores de outros seres vivos. Humanos frequentemente dependem deles para se alimentar ou para movimentar a economia.

Perda de habitat

Para os pesquisadores, a maior ameaça que enfrentam esses animais é a expansão humana e a consequente perda de habitat, além da caça e do comércio ilegal. Normalmente, a destruição das florestas em que vivem essas espécies é resultado da construção de rodovias, mineração, exploração madeireira e agricultura praticada de maneira insustentável.

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Segundo afirma em comunicado um dos 31 pesquisadores que participaram do levantamento, Paul Garber, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, o orangotango da Sumatra é uma das espécies mais criticamente ameaçadas. O animal perdeu 60% do seu habitat entre 1985 e 2007.

“Muitas espécies de lêmures, macacos e gorilas – como o lêmure de cauda anelada, macaco colobo vermelho da Udzungwa, macaco de nariz arrebitado de Yunnan, langur de cabeça branca e o gorila de Grauer – estão reduzidos a uma população de poucas centenas de indivíduos”, diz.  “No caso do gibão de Hainan, uma espécie de primata na China, restam menos de 30 animais.”

Impactos sociais

Apesar de estarem espalhadas por 90 países ao redor do globo, dois terços das espécies de primatas estão concentradas em apenas quatro países: Brasil, Indonésia, Madagascar e República Democrática do Congo. Na maioria dos casos, a perda de habitat está associada a altas taxas de crescimento populacional e à pobreza de comunidades próximas aos lugares onde esses animais vivem, segundo Garber. Investir em políticas ambientais e de preservação nesses países é, então, a chave para diminuir ou até reverter a situação de risco em que os primatas se encontram.

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“Mapear a pobreza local e desacelerar o crescimento da população é um componente necessário para a conservação dos primatas”, diz. Segundo ele, construir economias baseadas na preservação das florestas e seus habitantes permitiria identificar as principais ameaças a esses animais.

De todos os fatores de risco, no entanto, os cientistas consideram que a agropecuária é o pior. A produção de óleo de palma, soja e borracha, assim como a extração madeireira e a criação de gado, estão destruindo milhões de hectares das florestas tropicais. Os dados apontam que 76% das espécies de primata estão tendo seus habitats destruídos por conta da expansão da agropecuária. A mineração e a extração de combustíveis fósseis também estão na lista de fatores agravantes.

“Nós temos uma última oportunidade para reduzir ou até eliminar as ameaças humanas aos primatas e seus habitats, para guiar esforços de conservação, e para aumentar a consciência internacional em relação à sua difícil situação”, os autores escrevem na publicação. “Primatas são criticamente importantes para a humanidade. Afinal, eles são nossos parentes biológicos vivos mais próximos.”

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