Japão se prepara para liberar água contaminada de Fukushima no mar
Plano prevê tratamento do líquido, diluição a níveis seguros e despejo gradual que acontecerá ao longo de décadas
Um grupo de especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (IEAE) chegou, nesta segunda-feira, 29, a Fukushima para uma revisão final dos planos do Japão para liberar, no mar, a água que ficou acumulada nos tanques da usina ao longo dos últimos 12 anos.
Em 2011, um terremoto e um violento tsunami atingiram a central nuclear da cidade, comprometendo seu sistema de refrigeração. O acidente fez com que os reatores derretessem, o que causou um grande vazamento de radiação. Desde lá, a água utilizada para refrigerar os reatores é acumulada em mil tanques de armazenamento que, em 2024, atingirão a capacidade máxima.
De acordo com os planos, a água será liberada gradualmente, ao longo de décadas, através de um túnel subterrâneo. Antes disso, o líquido contaminado será tratado e diluído a níveis seguros.
O plano foi anunciado em abril de 2021 e enfrentou forte oposição de comunidades pescadoras e de países vizinhos, como China e Coreia do Sul. Os protestantes argumentam que as consequências da exposição a longo prazo a essas pequenas quantidades de radiação são desconhecidas e, por isso, colocariam os vizinhos e os ecossistemas sob risco.
As autoridades japonesas afirmam que a remoção é necessária para prevenir vazamentos acidentais, como os que ocorreram em 2013. O esvaziamento também é necessário para que haja espaço para a desativação da usina. A liberação deve começar após checagem da estrutura de descarga do líquido por autoridades locais e após a publicação do relatório emitido pela IEAE, previsto para o final de junho.
Em abril, a TEPCO, empresa responsável pela operação dos reatores, divulgou os primeiros vídeos de dentro do reator. As imagens geraram preocupação e despertaram questionamentos a respeito da capacidade do reator de suportar o impacto de um novo acidente. Apesar disso, o governo do país suspendeu a ordem de evacuação da cidade de Tomioka, próxima a usina, o que permite que moradores voltem a habitar a região.