É chegado o inverno, que neste ano, teve início no final da tarde da última quinta-feira, 20. Apesar das expectativas por temperaturas mais amenas, após longos meses de calor, as previsões mais otimistas dizem ele será convertido em um longo veranico.
O que causará médias mais altas?
O inverno no Brasil é caracterizado por tempo frio e baixa umidade, causados por massa de ar seco intercaladas com massas de ar polar. Em 2024, no entanto, o Oceano Atlântico, na costa entre Santa Catarina e o Rio de Janeiro, tende a se aquecer no decorrer da estação. Além disso, a costa entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Norte vai continuar quente. Combinados, esses fatores fortalecem a massa de ar seco sobre o continente e dificultam a chegada do ar polar.
“Isso tem muito a ver com as mudanças climáticas, é provável que todos os invernos sejam assim”, afirma Regina Rodrigues, Professora de Oceanografia e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Coordenadora dos Grupos de trabalho sobre Risco Climático e Ondas de Calor Marinhas do Programa Mundial de Pesquisas Climáticas da ONU, em entrevista a VEJA. “O aquecimento global leva a intensificação de fenômenos climáticos, especialmente das massas de ar quente, o que impede a formação de nuvens e aumenta a incidência de radiação solar.”
Ondas de frio deverão acontecer, mas, de acordo com as previsões, elas devem ser mais curtas que o usual. Na região Sul do país, onde a massa de ar seco não é está tão forte quanto no restante do Brasil, os episódios de temperatura baixa devem ser mais frequentes — com possibilidade, inclusive, de geada e neve — entre meados de julho e início de setembro.
Como ficarão as chuvas?
Essa estação é caracterizada pelo tempo seco e isso deve se manter em 2024. O Rio Grande do Sul, no entanto, continuará recebendo chuvas fortes, assim como o litoral entre Rio Grande do Norte e sul da Bahia.
Na Amazônia, de acordo com o Climatempo, a longa seca que atinge a região há meses deve persistir pelo menos até a primeira quinzena de outubro.
A La Niña tem algum papel nisso?
Não. Embora o El Niño já seja dado como finalizado e a La Niña — fenômeno caracterizado pelo resfriamento acima do normal da porção central e leste do oceano Pacífico Equatorial — comece a ganhar corpo, ela ainda não está exercendo um efeito notável sobre o clima. “Quando esse fenômeno se estabelecer, veremos um aumento da seca também nos estados do sul”, explica Rodrigues.
De acordo com um relatório recente da Organização Meteorológica Mundial, a expectativa é de que a La Niña se estabeleça, de fato, entre agosto e outubro, quando os efeitos começarão a ser sentidos nas temperaturas e na pluviosidade da primavera e do verão.