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Iceberg gigante que se soltou da Antártida está se fragmentando

Satélites indicam que o bloco de gelo, com 4 vezes a área de São Paulo, deu origem a pelo menos 11 pedaços menores, tendo o maior deles 13 km de extensão

Por Da redação
2 ago 2017, 11h18

O iceberg gigante que se desprendeu de uma plataforma de gelo na Antártida entre 10 e 12 de julho está se fragmentando, e até agora ao menos 11 pedaços menores já foram observados, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira na Nature Communications. O gigantesco bloco de gelo é um dos dez maiores icebergs já registrados, pesando 1 trilhão de toneladas e possuindo uma área de 5.800 quilômetros quadrados (quatro vezes a área da cidade de São Paulo ou uma vez a superfície do Distrito Federal). Ele estava sendo monitorado por cientistas desde 2014, mas começou a chamar mais atenção do público há alguns meses, quando uma enorme fenda se abriu e entre ele e a plataforma Larsen C.

Segundo Hilmar Gudmundsson, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, um dos autores do artigo, embora as plataformas de gelo flutuantes tenham um impacto modesto no aumento do nível do mar, quando ocorre um colapso, o gelo no interior da Antártida pode se descarregar no oceano. “Consequentemente, veremos maior contribuição da camada de gelo ao aumento global do nível do mar”, afirma em comunicado.

As observações de Gudmundsson e sua equipe mostram que, desde a separação do iceberg da plataforma, o bloco de gelo flutuante passou a se afastar de Larsen C, dando origem a um espaço de 5 quilômetros entre os dois. Além disso, o iceberg também começou a fragmentar-se. Um dos pedaços observados (o maior de todos) chega a 13 quilômetros de extensão.

As observações foram feitas com base em dados do satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). De acordo com Anna Hogg, cientista da ESA no Centro para Observação Polar e Modelagem (CPOM, na sigla em inglês), as imagens coletadas mostram que as rachaduras resultantes desse rompimento em Larsen C continuam crescendo, seguindo em direção a um ponto importante para sua sustentação.

Segundo ela, a separação de um novo iceberg ou um afinamento na camada de gelo estrutural poderia desestabilizar a plataforma. Por isso, os cientistas continuam a monitorar a região. “Parece que a história de Larsen C ainda não acabou”, brinca a pesquisadora.

Segundo o artigo recém-divulgado, a ruptura do iceberg não tem, necessariamente, relação com mudanças climáticas, e pode ser um simples reflexo do ciclo natural de qualquer plataforma, que é formado por períodos de crescimento e colapso do gelo. Além disso, desprendimentos semelhantes já haviam sido observados na Península Antártica nos últimos 50 anos – incluindo icebergs bem maiores do que o de Larsen C.

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