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Gorila parecia confuso, mas não agressivo, diz especialista

Helena Truksa, bióloga especialista em comportamento animal, afirma que o animal demonstrava uma situação de confusão mental, não de agressividade

Por Marina Rappa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 Maio 2016, 22h38
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  • O gorila Harambe parecia confuso, mas não agressivo, quando foi abatido no zoológico de Cincinnati, nos Estados Unidos, para garantir a vida de um menino de quatro anos que havia caído em sua jaula. É o que diz a bióloga Helena Truksa, especialista em comportamento animal e fundadora da Ethos Animal. Para ela, os gritos de terror das pessoas que testemunhavam o drama da criança podem ter contribuído para deixar o animal desnorteado.

    A cena em que o primata de 181 quilos arrasta a criança é apavorante, mas não permite antever um ataque. “Em nenhum momento o animal deixa claro querer agredir o garoto, visto que o conduz pela mão dentro do recinto”, diz. “Grandes primatas são conhecidos por sua grande capacidade cognitiva e formam famílias com estrutura parecida com a nossa. A disposição para ajudar, especialmente demonstrado pelos machos do grupo, fica evidente nesta situação. Se tivesse a intenção de ferir a criança, ele o teria feito com apenas um golpe de seu poderoso punho.”

    Ouvida pelo site do jornal inglês The Daily Telegraph, a pesquisadora de comportamento animal da Universidade de New England Gisela Kaplan também não acredita que Harambe pretendesse atacar o garoto. Para Gisela, o animal estava “investigando” a situação inusitada.

    Isso não significa, contudo, que o zoológico tenha errado: não se podia desprezar o risco de que o gorila machucasse fatalmente o menino, mesmo sem a intenção manifesta de lhe fazer algum mal. Helena anota que este caso é diferente do que ocorreu em 1996 em um zoológico de Illinois, quando um menino de 3 anos caiu na jaula de uma gorila fêmea. Na ocasião, a gorila pegou a criança no colo e a depositou perto da porta de acesso ao local. “As fêmeas costumam ser mais zelosas com os infantes”, diz Helena.

    Ainda assim, e ressalvando que, à distância, é difícil julgar qualquer decisão, Helena diz que não concorda ‘100%’ com a solução empregada pelo zoo de Cincinnati. E conjectura: “Se a equipe do zoológico tivesse afastado os visitantes e mantido a calma, talvez tivessem a oportunidade de trocar o garoto por alimento ou outra distração qualquer. E Harambe ainda estaria vivo”.

    Pressão – Harambe nasceu no zoológico de Gladys Porter, no Estado do Texas, e foi levado para Cincinnati em 2014. Os gorilas das planícies ocidentais são uma espécie ameaçada, e o zoológico esperava utilizar o macho de 17 anos em programas de reprodução. Sob pressão dos grupos de proteção dos animais desde a execução do animal, o diretor do Cincinnati Zoo & Botanical Gardens, Thane Maynard, defendeu a decisão tomada e explicou em entrevista coletiva que, como o gorila estava agitado, o uso de dardos tranquilizantes não seria uma alternativa segura, já que demoram um certo tempo para fazer efeito.

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