A extensão marítima do gelo no Ártico teve o menor comprimento já registrado, em janeiro de 2017, se comparado ao mesmo mês de anos anteriores. A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês). A área atual, de 13,38 milhões de quilômetros quadrados, é a menor desde que a coleta de dados por satélite se iniciou, há 38 anos.
Segundo a agência americana, a plataforma de gelo diminuiu 260.000 quilômetros quadrados desde janeiro de 2016 e 1,26 milhão de quilômetros quadrados comparado à média de 1981 a 2010. Até 2017, a taxa de redução, em uma escala linear, era de 47.400 quilômetros quarados por ano, o equivalente a 3,2% por década.
Como é inverno na região, o gelo deveria crescer. No entanto, ele estagnou na segunda semana de janeiro e sua borda recuou dentro dos mares de Barents, na costa oeste da Rússia; Kara, no norte da Sibéria e Ocótsqui, no leste da Rússia. Durante grande parte do mês, o gelo se estendia só até o norte do arquipélago norueguês de Esvalbarda, ao norte do país. Seu avanço foi barrado, principalmente, pelas águas quentes do Atlântico à oeste. Depois do dia 16, ele voltou a crescer, mas ainda abaixo da média para o mês.
Nos últimos dias do período, o crescimento foi levemente maior que o registrado em 2006, um ano que também teve recordes de menor extensão do Ártico. O gelo avançou e foi identificado no nordeste e noroeste das ilhas de Esvalbarda. Mas, no dia 30, o aumento voltou a ficar abaixo de do ano em questão.
Uma das razões para a drástica diminuição é que a temperatura neste janeiro esteve acima da média em quase todo o Oceano Ártico, seguindo um padrão que teve início no último outono do hemisfério norte. O ar no mar de Barents esteve 5°C acima da média de 1981 a 2010 e 4°C mais quente nos mares de Chukchi, entre a Rússia e o Alaska, e Siberiano Oriental, na costa nordeste da Rússia. Também esteve com temperatura mais alta no noroeste do Canadá. Apenas o noroeste da Rússia e o nordeste da Groenlândia tiveram temperaturas abaixo da média.
Segundo a análise de Richard Cullather, cientista da Nasa, o inverno no Ártico entre 2015 e 2016 foi o mais quente já registrado pelos satélites. Ainda não se sabe se o de 2017 irá bater o recorde, já que as condições costumam variar. No fim deste janeiro, o Oceano Ártico registrou temperaturas mais frias e fez com que o gelo da região chegasse a níveis acima dos registrados em 2006.
Desgelo nos polos
Cientistas do NSIDC já haviam identificado a diminuição do gelo no Ártico em dezembro de 2016. Somado a Antártida, a área derretida equivale ao tamanho da Índia. Os especialistas explicam que as razões para o fenômeno pode ser o acúmulo de gases de efeito estufa criados pelo homem, o fenômeno El Niño e oscilações naturais imprevistas.
Na Antártida, também apareceram fendas nas placas de gelo, que crescem rapidamente. Caso as plataformas se rompam, elas darão origem a icebergs gigantes. Uma delas, tem 5.000 quilômetros quadrados, área equivalente ao Distrito Federal.