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Fóssil indica que aves mantiveram traços de dinossauros em sua evolução

Restos de 120 milhões de anos fornecem pistas importantes sobre a origem da cinese craniana, uma característica dos pássaros e outros animais vertebrados

Por Marília Monitchele
9 dez 2022, 12h06

Um estudo feito na Academia Chinesa de Ciências em parceria com o Museu Field de História Natural, de Chicago, indica que as aves mantiveram alguns dos principais traços dos dinossauros em sua evolução, mesmo milhões de anos após a divisão entre os dois grupos. Essas informações se baseiam na reconstrução tridimensional do crânio de um fóssil de pássaro de 120 milhões de anos, extinto no período Cretáceo, que marcou o fim da Era dos Dinossauros. O estudo foi publicado no início deste mês de dezembro na revista eLife.

O fóssil em questão é de uma Yuanchuavis kompsosoura, ave extinta do grupo das Enantiornithes ou “pássaros opostos” – assim chamados por causa das principais diferenças em seu esqueleto em relação aos pássaros vivos. O exame dos restos desse espécime revelaram pistas importantes sobre a origem da cinese craniana, uma característica fundamental dos crânios dos pássaros e outros animais vertebrados.

A maioria das aves vivas tem o que é chamado de crânio cinético. Isso significa que o movimento do bico superior é independente da caixa craniana. Essa mobilidade é realizada por duas cadeias de ossos do crânio alinhadas da parte de trás do crânio para a frente, com uma cadeia ao longo da bochecha e a outra ao longo do palato (céu da boca). Essas cadeias de ossos interconectados ajudam a transferir forças da parte de trás do crânio para o bico, permitindo seu movimento.

A maioria dos vertebrados tem alguma forma de crânio cinético. Quanto mais poderosa a for mordida, menor a cinese. Animais como crocodilos, por exemplo, geralmente têm crânios rígidos e pouca ou nenhuma cinese, conferindo-lhes uma mordida forte e certeira. As aves, por sua vez, têm graus variados de cinese craniana. Nossa compreensão da montagem evolutiva do crânio dos pássaros, no entanto, é baseada em fósseis esparsos de crânios primitivos, resultando em algumas hipóteses concorrentes sobre o desenvolvimento evolutivo da cinesia craniana.

Usando tomografia computadorizada de alta resolução, a equipe de pesquisa conseguiu identificar, isolar e montar digitalmente todos os ossos do crânio em uma reconstrução tridimensional detalhada. Este trabalho revelou muitos detalhes anatômicos não conhecidos dos primeiros pássaros. A Yuanchuavis mostra um mosaico de traços de dinossauros e pássaros, como um corpo de pássaro emplumado com asas, uma boca dentada e um palato e focinho de dinossauro imóveis.

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Entre as características primitivas dos dinossauros de Yuanchuavis está a presença de contatos em forma de barra entre os ossos da região temporal do crânio atrás do olho que são encontrados em dinossauros, crocodilos, lagartos e cobras (conhecida como a condição diapsida). Essas interconexões basicamente “travam” uma das cadeias de ossos em Yuanchuavis que, de outra forma, é livre em pássaros vivos, um requisito para a cinesia.

O estudo detalhado dos pesquisadores sobre a forma do pterigoide, um osso do palato, mostra que ele não tinha contato direto com outro osso chamado quadrado, que também é necessário para completar a cadeia palatina de ossos em cinesia. Essa ausência de contato é vista na maioria dos dinossauros, incluindo Triceratopes e Tiranossauros, mas os ossos se conectam uns aos outros nas aves vivas.

Além disso, a equipe de pesquisa pôde confirmar que o pterigoide dos enantiornitinos mantinha uma forma única. Ele tinha uma projeção dupla atrás do olho, como o Velociraptor e outros parentes dinossauros próximos dos pássaros.

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