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Espécies de aparência alienígena são vistas pela primeira vez no oceano

Expedição feita para mapear os impactos da mineração marinha encontrou espécies exóticas nas profundezas abissais

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 jun 2024, 18h12 - Publicado em 7 jun 2024, 11h45

Na zona Clarion-Clipperton do Oceano Pacífico, entre o México e o Havaí, cientistas marinhos descobriram animais que a humanidade nunca havia visto antes. Essas criaturas habitam as profundezas das zonas abissais e vivem em completa escuridão.

“Estas áreas são as menos exploradas da Terra. Estima-se que apenas uma em cada dez espécies animais que vivem lá foi descrita pela ciência“, diz Thomas Dahlgren, ecologista marinho da Universidade de Gotemburgo, Suécia, em nota. Ele destaca que a descoberta de novas espécies e ecossistemas é comparável às expedições científicas do século XVIII.

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Uma esponja de vidro – (SMARTEX/NHM/NOC -/Divulgação)

Abaixo de certas profundidades, o oceano apresenta um ambiente hostil aos humanos. A pressão esmagadora, a escuridão permanente e as temperaturas próximas de zero tornam impossível a sobrevivência humana sem tecnologia avançada. Graças a um veículo operado remotamente (ROV), a equipe internacional de pesquisadores do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido conseguiu explorar profundidades entre 3.500 e 5.500 metros na zona Clarion-Clipperton.

Sobrevivendo no Abismo

Sobreviver nessas condições não é fácil. A maioria dos organismos abissais depende da neve marinha – matéria orgânica que desce das camadas superiores do oceano – e, ocasionalmente, da carcaça de uma baleia. Esses escassos recursos alimentares significam que a vida no fundo do mar é dominada por animais que se especializaram em filtrar e se alimentar de sedimentos.

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Uma misteriosa esponja de vidro encontrada no oceano abissal – (SMARTEX/NHM/NOC/Divulgação)

Uma das descobertas mais impressionantes foi um pepino-do-mar transparente, apelidado de “unicumber”, da família Elpidiidae. Através de sua pele translúcida, é possível ver seu trato digestivo, repleto de sedimentos do fundo do mar. O animal possui uma cauda longa, provavelmente utilizada para nadar.

“Esses pepinos-do-mar foram alguns dos maiores animais encontrados nesta expedição”, explica Dahlgren. “Eles atuam como aspiradores do fundo do oceano e são especializados em encontrar sedimentos que passaram pelo menor número de estômagos.”

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O porco marinho da Barbie – (SMARTEX/NHM/NOC/Divulgação)

Outras descobertas incluem uma delicada esponja de vidro em forma de copo, com a vida animal mais longa conhecida na Terra, até 15.000 anos, um crustáceo tanaid com corpo semelhante a um verme, estrelas do mar, corais e uma espetacular porquinha-do-mar-barbie, também da família Elpidiidae. Este último, um pepino-do-mar rechonchudo e de cor rosa vivo, caminha pelo fundo do mar com suas pernas tubulares adoráveis.

Desafios da Mineração

Apesar das descobertas, a zona Clarion-Clipperton enfrenta ameaças devido à mineração em alto-mar. A área é rica em metais raros, usados em tecnologias verdes como painéis solares e baterias de carros elétricos. A mineração pode ter um impacto devastador nos habitats marinhos.

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“A falta de comida faz com que os indivíduos vivam distantes uns dos outros, mas a riqueza de espécies na área é surpreendentemente elevada. Vemos muitas adaptações especializadas entre os animais destas áreas”, diz Dahlgren.

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Uma anêmona filtradora se espalha amplamente para receber a neve marinha – (SMARTEX/NHM/NOC/Divulgação)

A expedição, realizada pelo navio de pesquisa britânico James Cook, durou 45 dias. Os cientistas mapearam a biodiversidade da área para entender como a mineração pode afetar o ecossistema. Atualmente, 30% dessas áreas marinhas estão protegidas, mas os pesquisadores questionam se isso é suficiente para garantir a sobrevivência das espécies.

As descobertas destacam a necessidade de mais atenção e proteção para a vida no fundo do oceano. A exploração contínua e a pesquisa são essenciais para garantir que essas espécies não sejam colocadas em risco de extinção devido às atividades humanas.


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