A procura por vida fora da Terra movimenta a curiosidade humana. Os cientistas, antes fascinados pela possibilidade de encontrá-la em Marte, agora estão voltando suas atenções para outras partes do sistema solar. Europa, uma das 95 luas de Júpiter, é uma das principais candidatas. Para investigar essa possibilidade, a Nasa lançou, na segunda-feira 14, a missão Europa Clipper. A bordo de um foguete Falcon Heavy, da SpaceX, de Elon Musk, a sonda partiu do Kennedy Space Center, em Cabo Canaveral, na Flórida, para uma jornada de cerca de 3 bilhões de quilômetros, que serão percorridos ao longo de cinco anos e meio, até as cercanias do gigante gasoso. Europa tem quase o tamanho da nossa Lua, mas não é uma rocha coberta por poeira. A camada mais externa, uma faixa entre 15 e 24 quilômetros de espessura, é coberta por um oceano congelado, e sob essa superfície há uma imensidão líquida, mais funda, com até 180 quilômetros de profundidade. A presença de água é fundamental na busca por ingredientes necessários a qualquer tipo de existência, mas estudos anteriores revelaram que o satélite joviano possui outros elementos dessa equação, como carbono, hidrogênio, nitrogênio, fósforo e enxofre. A trajetória será longa. Depois da partida, a nave passará antes por Marte e, em seguida, pela Terra para pegar o impulso até Júpiter. Então, por quatro anos, deverá orbitar o gigante em ciclos que durarão 21 dias. A viagem audaciosa poderá, de algum modo, responder se estamos ou não sós no universo.
Publicado em VEJA de 18 de outubro de 2024, edição nº 2915