Por mais que as recentes descobertas científicas sejam inegavelmente extraordinárias, é preciso dizer que, para as pessoas comuns, elas representam certa frustração. Micróbios, afinal, não assustam, são desprovidos de carisma e, pior ainda, não interagem com humanos. São, portanto, bem diferentes dos estereótipos construídos pelo cinema, pela literatura e pelos quadrinhos nos últimos 100 anos. Desde o pioneiro Viagem à Lua, filme de 1902 do francês Georges Méliès, seres que habitam o espaço sideral são malvados e, não raro, repugnantes. No cinema, uma exceção é E.T., obra de 1982 do americano Steven Spielberg. Nesse caso, o extraterrestre é amigo, mas a cabeça imensa e o corpo enrugado espantam o garoto que o encontra no quintal de casa. Na literatura, o clássico A Guerra dos Mundos, publicado em 1898 pelo inglês H.G. Wells, influenciou — e continua influenciando — os adoradores da ficção científica. No romance, marcianos inescrupulosos destroem os humanos com o raio da morte. O livro é tão marcante que teve várias versões cinematográficas. Nos quadrinhos, os ETs são quase sempre os vilões.
Publicado em VEJA de 23 de setembro de 2020, edição nº 2705