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Cientistas detectam radioatividade de testes nucleares de 1940

Quase 80 anos depois, os níveis de plutônio encontrados na região ainda preocupam cientistas, embora não extrapolem limites de segurança internacionais

Por Da redação
6 nov 2017, 16h56

Pesquisadores americanos encontraram radioatividade persistente em lagoas dos atóis remotos das Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, onde os Estados Unidos realizaram 66 testes de armas nucleares entre 1940 e 1950. Segundo um estudo do Instituto Oceanográfico de Woods Hole (WHOI, na sigla em inglês), publicado na última semana no periódico Science of the Total Environment, os níveis de césio radioativo e plutônio diminuíram desde a década de 1970, mas esses elementos continuam sendo liberados no oceano a partir de sedimentos que ficam depositados no fundo do mar e nas águas das lagoas.

Os níveis de plutônio encontrados pelos cientistas são 100 vezes maiores nas lagoas do que em partes mais distantes do Oceano Pacífico – para a forma radioativa do césio, o valor é duas vezes maior do que o entorno. De acordo com os padrões internacionais de qualidade de água dos Estados Unidos, os valores não excedem os limites estabelecidos para uma interferência na saúde humana. Ainda assim, os pesquisadores afirmam que o resultado é significativo, considerando que há uma população indígena vivendo no local. Eles haviam sido obrigados a evacuar a região antes dos testes e, décadas depois, foram autorizados a retornar a uma pequena ilha no atol de Enewtak que acreditava-se estar menos impactada pela radiação.

Para determinar a fonte desses elementos químicos nas águas da lagoa, os cientistas mediram a quantidade e o fluxo de material radioativo que entrava no oceano a partir das águas subterrâneas das ilhas. Eles descobriram que as águas subterrâneas eram uma fonte relativamente baixa de radioatividade. Havia, no entanto, um suspeito mais preocupante: uma enorme câmara de concreto, construída em 1970 e batizada de Runit Dome, que abriga mais de 100.000 metros cúbicos de puro solo radioativo e restos de testes nucleares. O fundo da câmara encontra-se abaixo do nível do mar, de modo que os cientistas temiam que a ação da maré pudesse mover as águas através do material radioativo e levá-lo ao mar.

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Usando isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa) de plutônio que funcionam como uma “impressão digital” para identificar uma fonte, os pesquisadores descobriram que os sedimentos ao redor da Ilha de Runit, onde fica o Runit Dome, parecem estar contribuindo com metade do plutônio liberado na lagoa.

“As bases desses atóis das ilhas são recifes de corais antigos que têm uma porosidade semelhante à do queijo suíço, de modo que as águas subterrâneas e quaisquer elementos radioativos em movimento podem penetrar neles com bastante facilidade”, disse em comunicado o geoquímico Matt Charette, coautor do estudo e pesquisador do WHOI. Embora isso não pareça estar acontecendo agora, os cientistas acreditam que a área onde fica o Runit Dome deve ser monitorada continuamente à medida que o nível do mar aumenta e o concreto que forma a câmara se deteriora.

Os cientistas também compararam a radioatividade presente nas Ilhas Marshall à contaminação encontrada atualmente na região de Fukushima, no Japão, onde três reatores nucleares em uma usina, em 2011. “Em contraste com Fukushima, onde o césio é o element radioativo mais preocupante, nos atóis, o foco é o plutônio, considerando que ele está presente em níveis significativamente altos”, afirma outro coautor do estudo, o radioquímico Ken Buessele, também pesquisador do WHOI. “Estudos adicionais para examinar como o plutônio radioativo se move no ambiente ajudariam a elucidar porque essa pequena área é uma fonte tão grande de radioatividade.”

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