Cientista chinês que diz ter criado ‘supercrianças’ está desaparecido
He Jiankui, que teria feito os primeiros bebês geneticamente modificados, está sumido desde a apresentação do experimento em Hong Kong na semana passada
O cientista chinês que disse ter ajudado a criar os primeiros bebês geneticamente modificados do mundo está desaparecido, segundo notícia publicada pelo jornal local The South China Morning Post, nesta segunda, 3.
He Jiankui, da cidade de Shenzhen, na China, fez uma apresentação em Hong Kong na semana passada sobre seu controverso experimento. Ninguém sabe de seu paradeiro desde então.
Em declaração, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzen, a qual Jiankui é vinculado, negou as suspeitas de que ele estaria detido. O porta-voz da instituição se negou a falar mais sobre o assunto, dizendo: “nós não podemos responder a nenhuma pergunta a respeito disso por agora”, e acrescentou que a escola manterá a mídia atualizada sobre novidades no caso.
Anteriormente, a universidade disse não ter sido comunicada das pretensões da pesquisa, afirmando que iria abrir uma investigação. He estava de licença desde fevereiro. O professor confirmou que a instituição não estava a par de seus avanços, acrescentando que havia financiado o experimento do próprio bolso.
Resistência ao HIV
Seu objetivo era alterar o DNA das gêmeas Lulu e Nana para tentar fazê-las mais resistentes a infecção do vírus HIV, do qual o pai, Mark, é portador.
A declaração ainda não foi endossada por uma revista científica válida ou confirmada por especialistas independentes. A comunidade científica condenou o experimento, e universidades e grupos do governo colocaram a pesquisa sob investigação.
Um grupo de cientistas se reunia na Conferência Internacional de Edição de Genoma Humano, realizada na última semana, onde Jiankui fez as declarações. Cientistas afirmam ser irresponsável fazer experimentos em óvulos, esperma ou embriões pois ainda não foram pesquisados os riscos do procedimento.
Em entrevista a Associated Press, o pesquisador disse sentir “uma forte responsabilidade não apenas por ser pioneiro, mas também por servir de exemplo”, acrescentando que “a sociedade irá decidir o que fazer a seguir”, em relação a legalização ou proibição da técnica.
He já havia dito que uma segunda gravidez com bebês editados poderia estar a caminho.
Na última semana, ele postou um vídeo no Youtube para discutir suas declarações e as consequências delas. No texto, o pesquisador defende que a cirurgia genética “não apenas dá a chance de uma vida saudável para o bebê como também cura uma família inteira.”