Cientistas da British Antarctic Survey (BAS), um dos principais centros de pesquisa ambiental do mundo, descobriram microplásticos em krills (Euphausia superba), pequeno crustáceo semelhante ao camarão, e em salpas (Salpa thompsoni), invertebrado marinho gelatinoso, coletados no Oceano Antártico. Essas duas espécies são essenciais para a dieta de grande parte da vida marinha da região, fonte de alimento para baleias, pinguins e focas, enquanto as salpas são consumidas por alguns peixes e aves marinhas maiores.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista da Royal Society, Open Science. Amostras de krill e salpas foram recolhidas em duas missões de pesquisa na Península Antártica, em 2016, e perto da ilha da Geórgia do Sul, em 2018. Microplásticos foram extraídos de ambas as espécies. Uma das maiores fontes dessas fibras é a descamação das roupas durante a lavagem e secagem. Cerca de 60% do krill e das salpas continham nylon, com aplicações comerciais significativas em roupas, equipamentos de pesca, cordas e reforço de pneus de automóveis.
Além de serem importantes fontes de alimento no ecossistema marinho antártico, o krill e as salpas desempenham um papel importante na desaceleração das mudanças climáticas. O Oceano Antártico é um sumidouro de carbono extremamente importante e esses animais desempenham um papel fundamental na transferência de CO2 atmosférico para os oceanos profundos. “As interações com microplásticos têm o potencial de interferir na quantidade de carbono que esses organismos podem retirar e reter no oceano profundo”, diz em comunicado Clara Manno, ecologista marinha da BAS, envolvida no projeto.