Uma das conclusões do novo levantamento realizado pela WWF é que os hábitats marinhos são alguns dos mais afetados pelo descarte inadequado de produtos plásticos. Se nada mudar daqui para a frente, até 2030 haverá espalhado pelos mares algo em torno de 300 milhões de toneladas de plástico — o equivalente a 26.000 garrafas de 500 mililitros a cada quilômetro quadrado de oceano. Em todo o planeta, já foram registradas imagens de mais de 270 espécies animais enroscadas em plástico — entre mamíferos, répteis, pássaros e peixes.
Além de vitimarem seres vivos, inclusive degradando corais, as partículas da substância podem alterar as condições do solo. Outro estudo, publicado no mês passado por pesquisadores ingleses e escoceses na revista científica Royal Society Open Science, revelou o atual estágio desse cenário de destruição.
Segundo a pesquisa, certas espécies de crustáceos — parecidos com camarões —, que vivem em seis dos pontos mais profundos do planeta, até mesmo o mais abissal deles, a Fossa das Marianas, apresentam partes de plástico em seu sistema digestivo. No total, 84% dos exemplares coletados continham a substância em seu organismo. Nas Marianas, o resultado foi ainda mais assombroso: todos os animais haviam engolido pedaços de objetos plásticos. Disse o biólogo marinho Alan Jamieson, da Universidade Newcastle (Inglaterra), coordenador do trabalho, ao divulgá-lo: “Pode-se assim afirmar, sem dúvida, que o plástico já está em todos os lugares dos oceanos. Não vamos mais perder tempo procurando outros indícios dessa realidade. Vamos concentrar nossos esforços para entender os efeitos disso”.
Publicado em VEJA de 13 de março de 2019, edição nº 2625
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