Arte rupestre de caverna francesa é a mais antiga já encontrada, diz estudo
Análise comprova que desenhos foram feitos entre 28.000 e 40.000 anos atrás

Um estudo publicado nesta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences colocou fim a uma antiga discussão entre cientistas: os sofisticados desenhos de animais da caverna Chauvet, no Sul da França, são mesmo os mais antigos do mundo. Foram feitos entre 28.000 e 40.000 anos atrás, de acordo com o estudo.
A complexidade das curvas suaves e dos detalhes das pinturas de ursos, rinocerontes e cavalos da caverna Chauvet, no Sul da França, fez com que os pesquisadores duvidassem que essa arte fosse tão antiga quanto algumas datações feitas por radiocarbono indicavam, entre 30.000 e 32.000 anos atrás. O grupo que contestava essa datação defendia que os desenhos, por serem muito avançados, eram parte da cultura Magdaleniense, últimos povos caçadores-coletores que habitaram a Europa Ocidental Continental, entre 12.000 e 17.000 anos atrás.
Saiba mais
RADIOCARBONO
Metodologia usada para datar materiais orgânicos. Um organismo vivo absorve carbono ao longo de sua vida e quando morre começa a perder o carbono acumulado. Esse método consiste em medir a quantidade de carbono que resta em um material orgânico para saber há quanto tempo ele morreu.
CAÇADORES-COLETORES
Definição para homens obtinham comida através da caça e da coleta de alimentos existentes na natureza. Essa é uma características de populações que antecederam o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos animais.
O estudo recente, desenvolvimento por pesquisadores das Universidades de Savóia e Aix-Marseille e do Centro Nacional de Pré-história, na França, reforça que a arte rupestre de Chauvet é a mais antiga já encontrada. Para confirmar a datação indicada pelo radiocarbono, foram feitas análises do relevo e da superfície das rochas que estão no entorno da única entrada da caverna. Foram analisadas características como formato e composição química dessas pedras.
Isolamento – Essa análise mostrou que a caverna e suas pinturas, notavelmente bem preservadas, foram fechadas ao acesso humano devido à queda de rochas e só foram redescobertas em 1994.
A caverna foi fechada por um desfiladeiro que começou a ruir há 29.000 anos e continuou sofrendo desmoronamentos ao longo do tempo, selando definitivamente a entrada da caverna cerca de 21.000 anos atrás.
Com essa descoberta, os pesquisadores indicam que as pinturas tiveram que ser feitas antes disso, o que sustenta a ideia de que foram criadas por pessoas da cultura Aurignaciana, povos que viveram na Europa Ocidental entre 28.000 e 40.000 anos atrás.
“Coincidindo de forma notável com as datações de radiocarbono da ocupação humana e animal, este estudo confirma que as pinturas na caverna Chauvet são as mais antigas e mais elaboradas já descobertas, desafiando nosso conhecimento atual sobre a evolução cognitiva humana”, explicam os autores no estudo.
Segundo o principal autor, Benjamin Sadier, as descobertas põem fim ao debate que se apoia no estilo do desenho para sugerir sua idade. “O que nosso trabalho mostra é que o método de datação por estilo de pintura não é mais válido”, explicou Sadier.