Anéis estão aquecendo a atmosfera de Saturno
Fenômeno foi observado pela primeira vez no sistema solar e será utilizado para descobrir arcos que orbitam astros distantes da Terra
![Composição de imagens de três missões diferentes mostram emissões excessivas de hidrogênio causadas pelo aumento de temperatura de Saturno entre 1980 e 2017 -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/03/hubble_saturnlymanalpha_stsci-01gw30qm3c2wx3vhpp1a67x48w.jpg?quality=90&strip=info&w=985&h=720&crop=1)
Os anéis são a estrutura mais característica de Saturno e causam admiração desde a sua descoberta, em 1910. Um estudo publicado nesta quinta-feira (30) revelou que essa estrutura influencia o planeta muito além da aparência. Segundo o trabalho, a interação dele com o gigante gasoso está causando um aumento na temperatura das regiões mais altas da atmosfera do astro.
O excesso de radiação ultravioleta despertou a curiosidade dos pesquisadores. Nos anos 1980, quando as sondas Voyager 1 e 2 sobrevoaram o gigante, o fenômeno foi notado pela primeira vez, mas os astrônomos da época atribuíram a temperatura exagerada a uma descalibração dos detectores. Ao perceber, entretanto, que dois outros equipamentos – inclusive o Hubble – indicaram o mesmo fenômeno, Lotfi Ben-Jaffel, o autor principal do novo estudo, decidiu investigar.
Os resultados surpreenderam o pesquisador. Eles sugerem que o aquecimento é provocado por partículas dos anéis que “chovem” no planeta, interagem com os gases e provocam a liberação de energia. Quando a sonda Cassini mergulhou na atmosfera de Saturno, em 2017, ela já havia confirmado que as rochas que orbitam o planeta são constantemente capturadas por ele, mas as consequências disso ainda eram desconhecidas.
Essa é a primeira vez que o fenômeno é observado no sistema solar. Durante os próximos anos, a relação vai ser mais bem caracterizada com o objetivo de, no futuro, utilizar esse conhecimento para descobrir anéis escondidos em planetas distantes da nossa vizinhança.