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Agropecuária impulsiona mais de 90% do desmatamento mundial

Para mudar esse cenário, dizem os cientistas, é necessário uma guinada radical na forma como o setor e o governo abordam o problema

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 set 2022, 15h03 - Publicado em 8 set 2022, 18h52

Um estudo publicado nesta quinta-feira, 8, na revista Science mostra que entre 90% e 99% do desmatamento nos trópicos tem relação com a atividade agropecuária. No entanto, apenas algo entre metade e dois terços disso de fato resulta em expansão da produção agrícola nas terras desmatadas. Para mudar esse cenário, dizem os cientistas, é necessário uma guinada radical na forma como o problema é abordado: as medidas precisam contemplar tanto os papéis diretos quanto indiretos do setor.

O levantamento mostra que a quantidade de desmatamento tropical causado pela agropecuária é superior a 80%, o número mais citado na última década. No entanto, uma parcela comparativamente menor do desmatamento – entre 45% e 65% – resulta na expansão da produção agrícola real nas terras desmatadas. “Essa descoberta é de profunda importância para criar medidas eficazes para reduzir o desmatamento e promover o desenvolvimento rural sustentável”, declarou Florence Pendrill, principal autora do estudo na Chalmers University of Technology, na Suécia.

O fato de a agropecuária ser o principal motor de desmatamento tropical não é novidade. Entretanto, as estimativas anteriores de quanta floresta foi convertida em terras agrícolas nos trópicos variavam muito – de 4,3 a 9,6 milhões de hectares por ano entre 2011 e 2015. As novas descobertas  reduzem esse intervalo para 6,4 a 8,8 milhões de hectares por ano, e ajudam a explicar a incerteza nos números.

“Embora a agropecuária seja o motor final, as florestas e outros ecossistemas são frequentemente desmatados para especulação de terras que vieram a ser usadas, projetos que foram abandonados ou mal concebidos, terras que se mostraram impróprias para o cultivo, bem como devido a incêndios que se espalharam para florestas vizinhas a áreas desmatadas”, observou o professor Patrick Meyfroidt, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.

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O estudo deixa claro que um punhado de matérias-primas é responsável pela maior parte do desmatamento ligado à produção em terras agrícolas. Mais da metade está ligada apenas a pastagens, soja e óleo de palma (dendê). Nesse sentido, o estudo também chama a atenção para as falhas de iniciativas setoriais específicas, geralmente limitadas para lidar com os impactos indiretos. E deixa claro que há atores que atuam com responsabilidade ambiental.

As intervenções nas cadeias de fornecimento, no entanto, precisam ir além do foco em matérias-primas específicas e em mera gestão de risco. Devem impulsionar parcerias entre produtores, mercados consumidores e governos. Isso precisa incluir fortes incentivos para tornar a agropecuária sustentável mais atraente do ponto de vista econômico, ao mesmo tempo que desincentiva a conversão de vegetação nativa e apoia os pequenos produtores.

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