Um grupo de arqueólogos americanos, ingleses e dinamarqueses acredita ter encontrado evidências de que a agricultura já era praticada 19.000 anos atrás, 9.000 antes do que se pensava. Os cientistas, integrantes do Epipalaeolithic Foragers in Azraq Project (EFAP), defendem a hipótese com base em vestígios de um grupo de homens caçadores-coletores que viveram há milênios na atual Jordânia. As informações são do site da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma das participantes do estudo.
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AGRICULTURA
Acredita-se que, por volta de 10.000 anos atrás, a humanidade começou a praticar a agricultura. Ao cultivar a terra, o homem passou a escolher e produzir os alimentos que melhor lhe servissem. Isto permitiu que as pessoas se estabelecessem, já que a comida necessária para a sobrevivência podia ser cultivada em um só local. A partir deste momento, elas passaram a viver em aldeias e a construir as primeiras casas, que originaram as cidades e as civilizações. A agricultura também permitiu que a prole aumentasse, já que não era mais necessário carregar os filhos para diferentes lugares.
O principal foco da equipe nos últimos quatro anos foi a escavação do sítio de Kharaneh IV, no deserto de Azraq, no leste da Jordânia. A área tem 20.000 m² de área e 19.000 anos de idade. “É o mais antigo sítio arqueológico grande o suficiente para ser visto pelo Google Earth”, diz o Dr. Jay Stock, um dos participantes da escavação. Combinado com evidências fósseis, o tamanho da área indica que a região foi ocupada por um longo período de tempo, o que faz supor que a agricultura já era conhecida. “Este sítio pode ser considerado uma precursora das aldeias agrícolas.”
Os pesquisadores já encontraram no local restos vegetais, pedras e ossos de animais esculpidos e conchas perfuradas. Há resquícios de ferramentas para a caça que revelam um considerável avanço tecnológico.
Até o momento, os cientistas acreditavam que o desenvolvimento da agricultura só ocorrera 10 mil anos atrás – a chamada Revolução Neolítica ou Agrícola. Com a constatação de que o homem já podia se fixar em uma região há 19 mil anos, a equipe do EFAP acredita que outros avanços associados ao Neolítico também podem ter surgido milênios antes.