Ações pontuais restauram biodiversidade amazônica, diz estudo
Pesquisa realizada na região colombiana produz benefícios também para os pequenos proprietários
Restaurar a biodiversidade em áreas desmatadas da região amazônica é uma tarefa complexa, mas importante para a saúde do ecossistema e das pessoas que dele dependem. A ambientalista Karolina Argote, principal autora de um estudo publicado em outubro na revista científica Diversity, analisou uma área da Amazônia colombiana que foi desmatada há mais de 50 anos. No artigo, ela e seus colegas mostram que intervenções pequenas e cuidadosas podem ter impacto muito positivo em curto prazo.
O grupo liderado por Argote trabalhou com agricultores em áreas de pastagem de gado em Caquetá, na Colômbia. Eles conseguiram desenvolver planos para conectar a vegetação remanescente, como galerias ribeirinhas e as vestígios da floresta nativa, produzindo benefícios tanto para os pequenos proprietários quanto para a biodiversidade.
Não é possível restaurar esses ecossistemas fragmentados da noite para o dia: a restauração implica tempo e financiamento, além de um forte compromisso dos pecuaristas para restaurar esses ecossistemas. “Esse foi um trabalho acadêmico que mostrou, com estatísticas, que pequenas intervenções realmente servem para aumentar a conectividade, mas se você não planejar e não conhecer a fazenda, vai ser difícil implementar isso”, disse a ambientalista.
Argote disse que minimizar a fragmentação e melhorar a conectividade nas paisagens florestais na Amazônia é fundamental para a conservação. É necessária uma abordagem “uma árvore de cada vez” para envolver as comunidades locais e redesenhar com elas acordos de conservação para proteger os habitats naturais dentro de suas propriedades. “Não temos evidências concretas sobre se houve um aumento nos pequenos, médios e grandes mamíferos, mas podemos dizer que esse tipo de estratégia de implementação aumentou o movimento de aves, principalmente aves migratórias”, disse ela.