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A era do turismo espacial já começou

Empresas privadas dão a largada a viagens pela órbita da Terra, que têm início em julho com dois ruidosos voos

Por Sergio Figueiredo Atualizado em 9 jul 2021, 09h27 - Publicado em 9 jul 2021, 06h00

O primeiro turista espacial da história foi o americano Dennis Tito, que pagou 25 milhões de dólares para embarcar na nave russa Soyuz rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) em abril de 2001. Nos anos seguintes, Tito seria seguido por outros endinheirados, mas nenhum deles chegou perto de realizar a façanha de Richard Branson e Jeff Bezos, que estão prestes a desafiar a gravidade a bordo de naves fabricadas por suas próprias empresas, das quais são investidores e proprietários. Não bastasse vivenciar a experiência de ausência de peso, eles terão a rara oportunidade de vislumbrar, do alto e com os próprios olhos, o espetáculo que é o planeta azul. No entanto, para além do romantismo de tal empreitada, a dupla de bilionários — concorrentes no segmento aeroespacial — disputa uma corrida particular cujo vencedor inaugurará a era do turismo além da estratosfera.

Até semanas atrás, parecia que Bezos, fundador da Amazon, largaria na frente na primeira viagem, e ainda por cima no foguete da Blue Origin, sua empresa e menina dos olhos. Para não assustar acionistas, antes de revelar que estaria no voo inaugural, ele deixou o cargo de presidente da Amazon. A partir daí, seguiu o manual das relações públicas, escolhendo como data de lançamento 20 de julho, o histórico dia em que o homem chegou à Lua. Dos cinco lugares além do seu na New Shepard (nave batizada em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano em órbita), um foi presenteado ao irmão e outro leiloado por 28 milhões de dólares — soma doada a um projeto educativo. Bezos também convidou uma senhora de 82 anos que fez parte do programa de mulheres astronautas na década de 60, mas que nunca foi ao espaço. O restante da equipe ainda será anunciado.

Branson, que deveria voar somente dentro de dois meses, decidiu furar a fila, antecipando sua viagem para o próximo dia 11. Assim, ele, e não Bezos, é quem vai inaugurar as viagens turísticas ao espaço com sua empresa Virgin Galactic. Ele informa já ter vendido 600 passagens a 250 000 dólares cada uma. O bilionário britânico nega qualquer confronto com o oponente, dizendo que sua SpaceShipTwo — uma espécie de ônibus espacial que decola com a ajuda de outra aeronave — se comportou de forma soberba no teste de maio passado, permitindo, desse modo, a presença do chefe no voo de domingo. Alguns especialistas questionam se a nave de Branson, que atingirá 80 quilômetros de altitude, estará fazendo um legítimo voo espacial, uma vez que o limite da atmosfera terrestre está tecnicamente a 100 quilômetros do nível do mar. A assessoria de Bezos não comenta a polêmica, mas gosta de lembrar que a New Shepard é capaz de ir além de 100 quilômetros de altitude.

É inegável estarmos vivendo uma nova era da ciência e da tecnologia atreladas à aventura e ao turismo. A empresa Space Perspective oferece voos a 30 quilômetros de altitude em uma cápsula pressurizada que dispensa foguetes e aeronaves. Chamada Netuno, ela ascende por meio de um gigantesco balão de hidrogênio, descendo depois com a suavidade de uma pena. A viagem leva seis horas, contando a subida, a permanência no espaço e a descida, e custa 125 000 dólares por pessoa na cápsula para até oito ocupantes. Os passeios para 2024 estão todos vendidos, mas há bilhetes disponíveis a partir de 2025.

O bilionário Elon Musk propõe viagens mais arrojadas do que os voos dos concorrentes. Sua empresa, a SpaceX, vendeu um tour orbital de três dias ao empresário Jared Isaacman, que pagou estimados 220 milhões de dólares para embarcar, em setembro, com mais três convidados, na cápsula Dragon, a mesma que transporta astronautas até a ISS. Dar voltas na Terra já colocaria Musk em vantagem, mas ele quer ir além: usando o superfoguete Starship, a SpaceX promete levar turistas para contornar a Lua. Aos céticos, Musk apresenta como credenciais os bem-sucedidos carros elétricos da Tesla (um modelo, inclusive, foi lançado ao espaço com um manequim na direção), a rede de satélites Starlink e os foguetes Falcon 9, além de um contrato de 2,89 bilhões de dólares com a Nasa. O primeiro passeio à Lua, portanto, deve ser feito por ele. A menos que, na última hora, alguém chegue na frente.

QUATRO TIPOS DE TURISMO ESPACIAL

Passeios em órbita da Terra e até mesmo além se tornam uma realidade a partir deste mês com a estreia da Virgin Galactic e da Blue Origin. Mas a forma de chegar ao espaço vai variar de empresa para empresa, bem como o preço, que, pelo menos no início, será proibitivo para a maioria

Virgin Galactic
Virgin Galactic – (./Divulgação)

1- A Virgin Galactic usa uma nave com asas móveis para dois pilotos e seis viajantes. A passagem custa 250 000 dólares e há fila de espera. O fundador da empresa, Richard Branson, garante que estará no primeiro voo a ser realizado, no dia 11 de julho

Blue Origin
Blue Origin – (./Divulgação)

2- Um dos seis assentos na cápsula da Blue Origin foi arrematado por 28 milhões de dólares. Ela é autônoma e chega ao espaço por meio de um foguete. O retorno ao solo é amortecido por paraquedas. O fundador da Amazon estará no voo inaugural, no dia 20

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Netuno
Netuno – (./Divulgação)

3- Netuno tem 5 metros de diâmetro, vista panorâmica e oito lugares. Ascen­de por meio de balão. São seis horas de viagem entre subida, permanência e descida ao mar, onde é recolhida por barco. Tem bar e banheiro. Preço por pessoa: 125 000 dólares, a partir de 2024

SpaceX
SpaceX – (./Divulgação)

4- A SpaceX quer levar turistas para orbitar a Lua, a partir de 2023, proporcionando uma vista exclusiva. A nave será lançada pelo superfoguete Starship, já contratado pela Nasa para futuras missões. O custo por lugar é estimado em 150 milhões de dólares

Publicado em VEJA de 14 de julho de 2021, edição nº 2746

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