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A Disney da Nasa: o sucesso do Kennedy Space Center

A retomada da exploração do universo tem atraído cada vez mais visitantes ao local, interessados em ver de perto o lançamento de foguetes

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 fev 2020, 10h12 - Publicado em 28 fev 2020, 06h00

Precisamente às 9h32 (horário local; 10h32 em Brasília) do dia 16 de julho de 1969 o foguete Saturno V, de 110 metros de altura, ergueu suas 2 900 toneladas e começou a furar o céu do Kennedy Space Center, em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) — e também a história. No topo dele estava a cápsula Apollo 11, com três astronautas a bordo: Neil Armstrong (1930-2012), Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins. Destino da viagem: a Lua, onde Armstrong e Buzz caminhariam, na privilegiada condição de primeiros seres humanos a realizar tal proeza. Nas proximidades do Kennedy Space Center, mais de 1 milhão de pessoas acompanharam a subida do Saturno V. Aquele foi, e continua sendo, o maior público in loco da Nasa para uma decolagem de foguete (remotamente, o recorde é do pouso lunar, ocorrido em 20 de julho: 650 milhões de pessoas ao redor do planeta).

Nos últimos anos, no entanto, o interesse de cidadãos comuns em acompanhar de perto as partidas dos foguetes rumo ao cosmo tem se renovado. Em 2019, o Kennedy Space Center — que desde 1966 é aberto à visitação — recebeu nada menos do que 2 milhões de turistas, o dobro de 2015. Ainda que possa ser atribuído, em parte, ao fascínio despertado pela ficção — com a multiplicação, nas telas de cinema, por exemplo, de novas odisseias no espaço —, o crescimento de uma modalidade tão particular de turismo como essa, que arrasta  multidões até Cabo Canaveral, deve muito à própria retomada dos projetos de exploração do universo. Desde 2011, com a entrada no jogo de empresas privadas — como a Blue Origin e a SpaceX, dos bilionários Jeff Bezos (Amazon) e Elon Musk (Tesla), respectivamente —, a corrida espacial deixou o nicho das agências governamentais, caso da Nasa, e se instalou em outro patamar. O cronograma de lançamentos anda na casa de um por mês, e os planos são para lá de ambiciosos — a expectativa é voltar à Lua ainda nesta década e mandar seres humanos para Marte em 2033.

Conhecido como “a Disneylândia da Nasa”, por ficar a exatos 91 quilômetros da rota das atrações da Disney e da Universal, o Kennedy Space Center recebe os turistas com um programa descontraído que lembra o dos parques da vizinhança — com a diferença de que suas atrações não remetem a um mundo feito de magia: seu maior apelo são as conquistas espaciais. Com ingressos ao custo de 57 dólares para adultos e 47 para crianças, quem vai ao centro da Nasa troca uma foto com Mickey por uma selfie ao lado de um astronauta; renuncia à adrenalina das montanhas-russas para conhecer os ônibus espaciais; e, no lugar da visita a terras imaginárias alcançadas com óculos 3D, vê simulações de aterrissagem em solo marciano. Se na Disney o auge do roteiro fica por conta do espetáculo com fogos de artifício do Magic Kingdom, no Kennedy Space Center a experiência mais aguardada é assistir à partida de um foguete como o Atlas V, que, em 20 dezembro, levou consigo a cápsula Starliner, da americana Boeing, num voo-teste não tripulado. O evento reuniu 7 000 espectadores nas imediações do riacho Broadaxe, que circunda a base de lançamento da Nasa.

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No calendário da agência espacial americana, em março ocorrerão, a princípio, três lançamentos. “A princípio” porque as datas de decolagem podem mudar de acordo com as condições climáticas, por exemplo. Quem planeja ir a Cabo Canaveral deve, portanto, ficar atento ao site da Nasa e considerar, de antemão, que um imprevisto poderá frustrar aquele que seria o motivo principal da viagem.

Se, na atualidade, o turismo voltado para o espaço se resume a ver de perto os lançamentos rumo ao cosmo, o que se vislumbra para o futuro são verdadeiras excursões orbitais — isso em, no máximo, duas décadas. A promessa é dos bilionários envolvidos no negócio. Não se imagine, porém, que os custos serão baixos: as tais excursões orbitais apostam em voos vips, como no caso da nave da Virgin Galactic, que antecipou a venda de uma viagem com vista panorâmica da Terra por 250 000 dólares (1 milhão de reais). A própria Nasa já informou que em breve permitirá a hospedagem de pessoas comuns na Estação Espacial Internacional (ISS) em uma viagem de um mês, ao preço de 35 000 dólares (150 000 reais) por noite. Apesar desses valores, por assim dizer, “estratosféricos”, é provável que, por um bom tempo, a Disney do Espaço continue atraindo milhões de turistas.

Publicado em VEJA de 4 de março de 2020, edição nº 2676

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