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Vídeo mostra ação violenta de PMs em Paraisópolis: ‘Vai morrer todo mundo’

Imagens divulgadas por moradores da maior favela de São Paulo mostra policiais militares agindo contra jovens que tentam fugir do local

Por Giovanna Romano Atualizado em 4 dez 2019, 13h43 - Publicado em 4 dez 2019, 10h18
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  • Um vídeo divulgado por moradores de Paraisópolis, favela de São Paulo, mostra agentes da Polícia Militar em ação violenta contra jovens em uma viela da favela. As imagens começaram a circular após a madrugada do último domingo, 1º, quando morreram nove pessoas durante uma intervenção da PM no Baile da 17, um baile funk da região.

    O presidente da União de Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, afirma que o vídeo foi gravado em Paraisópolis. O principal indício é a barraca de lanches Açaí Mania, que fica em frente à viela. Entretanto, o líder comunitário não confirma a data do vídeo. “Não tenho certeza se foi neste fim de semana, mas posso te afirmar que esse local é Paraisópolis”.

    As imagens mostram policiais militares em frente à barraca e à viela. Um agente segura uma barra — maior do que um cassetete — e agride jovens que tentam correr para escapar dele. Um policial grita: “Vai morrer. Vai morrer todo mundo”. Não é possível identificá-lo, por conta da pouca iluminação na rua. Outro agente ordena: “Vão embora”.

    Ao fundo, é possível escutar disparos de tiros e bombas. Também não é possível ver de onde eles vêm por causa da iluminação baixa. O morador que está gravando o vídeo conversa com o outro, ao seu lado. “É tiro!”, ele diz. Eles apontam que também estão ouvindo o som de spray de pimenta. “Ele bateu em muita gente”, o morador afirma, enquanto grava.

    Assista ao vídeo a seguir:

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    Em resposta aos questionamentos da reportagem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou a VEJA que, em uma análise preliminar das imagens, o vídeo parece ser do mesmo momento de outro vídeo que circulou pelas redes sociais, em que um policial militar agrediu um jovem com uma muleta, mas de outro ângulo. Esta ocorrência seria de 19 de outubro em Paraisópolis. O policial envolvido foi afastado.

    Tragédia em Paraisópolis

    Paraisópolis é a maior favela da metrópole, com cerca de cem mil habitantes. Na madrugada de sábado para domingo, ocorria o Baile da 17, ou DZ7, como escrevem os frequentadores do pancadão. Cerca de cinco mil pessoas estavam na festa quando policiais militares chegaram no local e nove jovens foram pisoteados em um tumulto.

    Os jovens mortos tinham entre 14 e 23 anos. São eles Gustavo Cruz Xavier, 14, Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16, Deniz Henrique Quirino da Silva, 16, Luara Victoria Oliveira, 18, Gabriel Rogério de Moraes, 20, Eduardo da Silva, 21, Bruno Gabriel dos Santos, 22, e Mateus dos Santos Costa, 23. Há outros jovens internados.

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    A maior chance é de que todos tenham morrido em decorrência de pisoteamento após terem sido encurralados durante uma ação policial. Em nota oficial, o comando da PM afirmou que, na noite da tragédia, os soldados reagiram ao ataque de bandidos a bordo de uma moto. “A moto fugiu em direção ao baile funk, ainda efetuando disparos, ocasionando um tumulto entre os frequentadores do evento”, afirma a nota.

    Na última segunda-feira, 3, os moradores fizeram um protesto contra a violência da PM em Paraisópolis. Com funk tocando ao fundo, era possível ouvir gritos de “assassinos”. Nesta quarta-feira, 5, às 17h, uma “caminhada pacífica” terá concentração na Rua Rudolf Lotze com a Rua Ernest Renan e seguirá para o Palácio dos Bandeirantes.

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