Vídeo: Ex-assessor conta como fraudou mais de 100 processos no TJPI
Por dois anos, João Gabriel Costa Cardoso ajudou a alterar senhas e inserir decisões falsas em processos que tramitavam no tribunal

Ex-assessor do Tribunal de Justiça do Piauí, João Gabriel Costa Cardoso confessou à Polícia Civil do estado ter ajudado a fraudar mais de 100 processos que tramitaram na Corte. Ele tinha acesso ao sistema de senhas de servidores e com isso alterava as sentenças em troca de pagamentos feitos pelos advogados das partes. Um dos processos envolve valores que chegam a 11 milhões de reais.
João atuou como estagiário e assessor de magistrados no TJPI e encontrou vulnerabilidades no sistema de informática do tribunal, o que possibilitou as fraudes nas sentenças nos últimos dois anos. Ele foi preso em outubro do ano passado.
Em depoimento gravado, João Gabriel demonstrou interesse em fechar um acordo de delação premiada para revelar nomes de todos os envolvidos no esquema, inclusive um intermediário que administrava as fraudes. À polícia, o ex-assessor indicou alguns nomes de advogados que teriam participado do esquema.
JOÃO GABRIEL CONTA COMO APRENDEU A FRAUDAR PROCESSOS:
No depoimento, o ex-assessor conta que começou a fraudar o sistema em um processo relativo a um concurso público do qual participou. Depois disso, prestou serviços a advogados em causas pequenas, o esquema foi crescendo e ele passou a atuar em processos envolvendo milhões de reais. Em um deles, distribuidoras de combustível do Piauí conseguiram liberar 6,9 milhões de reais de maneira ilegal. Somente nessa causa, ele faturou 110 mil reais.
O ex-assessor propôs à Justiça um acordo de delação premiada. “Eu tenho uma planilha com mais de 100 processos, salvo em um lugar que não está no computador, com nome de advogados parceiros”, disse João Gabriel, prometendo contar tudo o que sabe.
O esquema foi descoberto por uma juíza do TJPI, que identificou a liberação irregular dos 6,9 milhões. O inquérito foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no final do ano passado, já que há suspeita de envolvimento de um desembargador. A Procuradoria-Geral da República já analisou a ação e disse que há “arquivos que sugerem a prática de atos criminosos” pelo desembargador investigado.